ANÁLISE
Reprodução/Band
Ana Paula Padrão na edição de terça-feira (29) do MasterChef; ela vai sair no fim do ano
Ana Paula Padrão pegou muita gente de surpresa ao revelar que deixaria a apresentação do MasterChef no fim deste ano, após a edição especial Confeitaria. O anúncio abriu uma espécie de "bolsa de apostas" virtual sobre quem poderia substituí-la no comando. Porém, o talent show da Band já criou pernas para andar sozinho --como ocorre em edições estrangeiras.
Nos Estados Unidos, onde o programa alcançou o maior sucesso e é exibido de maneira ininterrupta desde 2010, não há um apresentador propriamente. O chef Gordon Ramsay, que julga os competidores ao lado de Aarón Sánchez e Joe Bastianich, também tem a responsabilidade de conduzir a atração. É uma estratégia similar à adotada em países como Austrália, Itália e Alemanha.
Já o Reino Unido, que deu origem ao formato, conta com uma narradora (a atriz inglesa India Fisher) para prender o público e explicar o que está acontecendo na competição, enquanto os próprios jurados fazem a interação com os participantes no decorrer de cada prova e nas eliminações. O Canadá, a Irlanda e a Albânia seguiram essa decisão.
É evidente que em 2014, quando a Band decidiu produzir a primeira versão do MasterChef, a presença de uma apresentadora era fundamental para o sucesso do reality --afinal, Henrique Fogaça, Paola Carosella e Erick Jacquin não eram nomes conhecidos dos brasileiros, e os dois últimos ainda tinham sotaques carregados, que poderiam afastar o grande público.
Assim, Ana Paula Padrão foi escalada, superou todas as desconfianças sobre sua decisão de fazer a transição do Jornalismo para o Entretenimento e acabou se mostrando muito bem-sucedida na mudança. Cumpriu sua função com mérito e até ajudou a Band a ameaçar a Globo na audiência.
Só que, dez anos depois, o cenário é bem diferente. O MasterChef já não alcança os índices de antigamente --na terça-feira (29), marcou apenas 1,7 ponto na Grande São Paulo, por exemplo. Mas, mais importante do que isso, transformou seus jurados em grandes astros, reconhecidos em todo o país.
Jacquin já ganhou até um programa próprio na emissora, o Pesadelo na Cozinha, Fogaça comandou o 200 Graus no Discovery Home & Health, e Paola acabou contratada pela Globo --sua substituta, Helena Rizzo, chef conceituada mundialmente, rapidamente conquistou o espectador da Band e o mercado publicitário com sua expertise premiada.
Os três estão mais do que preparados para comandar o MasterChef, conversar com os participantes e explicar o que está acontecendo nos desafios culinários. Também são perfeitamente capazes de gritar o tempo que falta para a prova da vez e de apressar os competidores a entregarem seus pratos --principais funções da apresentadora nas temporadas mais recentes.
No fim das contas, Ana Paula Padrão merece um desafio maior do que ser um mero "cronômetro humano", o trio de jurados já se provou como capaz de conduzir a narrativa do reality, e a Band consegue economizar um salário se abrir mão do posto de apresentador. Todos ganham.
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