PAULA PICARELLI
Reprodução/HBO
Paula Picarelli em cena da terceira temporada de Psi, exibida pela HBO; ela interpreta a promotora Taís
Paula Picarelli tinha 25 anos quando estourou em Mulheres Apaixonadas (2003), na Globo, interpretando a estudante Rafaela Machado, namorada de Clara Resende (Alinne Moraes). Era a sua segunda novela, e ela foi tão bem avaliada que logo recebeu convite para uma nova trama. No entanto, a atriz optou por romper com a emissora. O motivo? O novo papel era o de uma menina masculina e ela não se sentiu confortável.
"Eu lembro que na época tinha surgido a possibilidade de eu fazer uma personagem numa novela das 19h, que era uma menina meio masculina. Daí eu falei: 'Talvez eu já esteja dentro de alguma caixinha na emissora e não me interessa seguir por esse caminho'. Então, eu também procurei outras coisas", diz ao Notícias da TV.
Atuar em novelas deixou de ser uma prioridade, tanto que a trama de Manoel Carlos foi sua última. Hoje, aos 40 anos, ela se dedica a trabalhos com os quais se identifica, como a série Psi, da HBO, na qual interpreta a promotora Taís desde 2014. Ela iniciou as gravações da quarta temporada na semana passada.
Embora a repercussão de seu trabalho em Mulheres Apaixonadas tenha sido positiva, Paula precisou lidar com o assédio e a curiosidade em torno de sua vida pessoal. Afinal, interpretou uma lésbica no horário nobre da Globo e ainda protagonizou um beijo discreto com Alinne Moraes no último capítulo da novela.
"A experiência na novela foi muito difícil para mim, eu fui muito exposta e eu não tinha certeza do que [eu queria]. Não sabia o que ia acontecer, como eu seria exposta, como a minha vida iria mudar, como eu deveria reagir diante dessa nova realidade. Eu não tinha instrumentos para lidar com o que estava acontecendo comigo naquele momento. Depois da novela, preferi voltar para um projeto meu de teatro, até para entender toda a experiência que eu tinha vivido, e como seriam os meus passos como artista a partir de então."
Teatro, literatura, espiritualidade e autoanálise fizeram Paula encontrar as respostas de seus dilemas. Ela escreveu e atuou em peças em que expôs seus anseios pessoais, escreveu um livro sobre sua vivência religiosa em uma seita, e olhou para si mesma para descobrir se "estar na Globo" era um sonho pessoal ou uma tentativa de satisfazer os desejos de seus parentes.
"Uma coisa muito boa que acontece com essa idade [40 anos] é que eu lido diferente com as expectativas. Quanto menos expectativas eu criar, mais tranquila é a minha vida. Esse lance de você projetar sonhos distantes, ou muito difíceis de serem alcançados, por um lado pode te impulsionar a agir, mas por outro as coisas nunca acontecem como a gente imagina e a gente só se frustra", reflete.
Mesmo depois de 15 anos sem fazer novelas, Paula não descarta a possibilidade de voltar a trabalhar em uma longa produção na TV no futuro. Mas, no momento, ela diz que esse não é o tipo de trabalho que está procurando.
"A curto prazo, seria impossível encaixar as agendas, porque estou gravando Psi e vou estrear um projeto no teatro. Não sou contra fazer novela, não me recusaria a fazer. Não sei como me comportaria diante de um convite, porque quando a realidade acontece é bem diferente de como a gente imagina, mas neste momento não está nos meus planos e nem estou indo atrás disso", afirma.
Além de se dedicar à gravação da nova temporada de Psi, indicada ao Emmy Internacional de melhor série dramática em 2015, Paula tem dividido seu tempo com o espetáculo Odisseia, em cartaz no teatro do Sesc da avenida Paulista.
"Eu atuo e também escrevi os textos junto com o Leonardo Moreira, que é o diretor de dramaturgia. As coisas que a gente cria dizem muito sobre o que a gente pensa e quer falar nesse momento. A gente se apropria muito mais do trabalho. Estou tocando meus projetos pessoais, porque eles estão me mostrando que são diferentes do que eu pensava e mais legais do que eu imaginava", diz.
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