Análise
Inácio Moraes/Gshow
Monica Iozzi como Gilda, personagem de Rita Hayworth, em ensaio em que encarna divas
DANIEL CASTRO
Publicado em 15/2/2016 - 5h33
A saída de Monica Iozzi do Vídeo Show vai demorar a ser digerida nos bastidores da Globo. Até se entende sua opção pela carreira de atriz, mas ela poderia esperar um pouco, ficar mais tempo no programa vespertino, ou tentar conciliar as duas coisas. A avaliação corrente é a de que ela jogou fora uma chance rara, a de se tornar uma grande apresentadora e ter um salário milionário. No Vídeo Show, Monica Iozzi era engraçada, irreverente, talentosa, "rainha do improviso", única. Como atriz, ela será apenas mais uma. E terá que provar ser das boas.
Iozzi ajudou a levantar o Vídeo Show. No final de 2014, o programa era quase um defunto. Estava dando seis pontos, metade do que tinha antes de se tornar um talk show de Zeca Camargo. A reação começou em janeiro, antes da chegada de Monica Iozzi, com o retorno de J.B. Oliveira, o Boninho, ao comando do programa.
No Vídeo Show desde abril do ano passado, Monica pode não ter acrescentado muito no Ibope (embora o programa fosse melhor nos dias em que ela estava na bancada), mas tornou o Vídeo Show mais vivo e moderno, menos voltado apenas e exclusivamente para os bastidores da Globo. Foi após a sua chegada que o programa passou a fazer referências a Silvio Santos e Nelson Rubens, entre outros ícones da concorrência, e a debochar da própria Globo _como revelar que o cenário da atração era um "puxadinho" do Encontro com Fátima Bernardes.
Monica Iozzi deixou o Vídeo Show porque é atriz, formada pela Universidade Estadual de Campinas, a prestigiada Unicamp. No ano passado, recusou o papel de Tancinha em Haja Coração, próxima novela das sete. Talvez tenha ficado com medo de fazer feio com uma personagem tão marcante de Claudia Raia em Sassaricando (1987). Alegou na época que não queria fazer comédia. Queria drama, provar que sabe chorar, não apenas fazer rir.
Não é muito aconselhável recusar um papel de protagonista na Globo. A consequência disso pode ser a demora de alguns anos para um retorno às novelas. Tanto que Monica vai continuar fazendo comédia. Seu próximo projeto na emissora será a série Vade-Retro, também chamada de A Advogada do Diabo, de Fernanda Young e Alexandre Machado, no ar no segundo semestre, nas noites de sexta.
No Vídeo Show, Monica Iozzi era uma apresentadora em ascensão, o equivalente a uma Fausto Silva de saias nos anos 1980. Na teledramaturgia da Globo, Monica terá que provar que é uma boa atriz. A avaliação na emissora é a de que sua atuação como a Cidinha de Alto Astral (2014) não foi lá essas coisas. Qualquer outra atriz poderia ter defendido a personagem, uma patricinha que tinha de se humilhar para receber uma herança.
Diferentemente do que disse ao jornalista Maurício Stycer, do UOL, Monica não deixou as postas do Vídeo Show tão abertas. Sim, ela saiu pela porta da frente, sem brigar com ninguém. Mas a verdade é que deu uma bela esnobada no programa, e isso será lembrado no futuro, se necessário. Além disso, Monica terá uma substituta (a atriz Maíra Charken), e não se tira alguém de uma bancada da noite para o dia, a não ser que o programa se afunde no Ibope, o que parece pouquíssimo provável, ou que esse alguém peça para sair _caso de Monica.
Portanto, Monica Iozzi, força na peruca e arrasa como atriz!
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