Antes de se tornar jornalista, Renato Machado fez bico em novela

Um caso notório de artista que ingressou no jornalismo é o de Sandra Annenberg, apresentadora do Jornal Hoje. Nos anos 1980, ela atuou em novelas e séries da Band e do SBT, além da própria Globo, antes de se tornar a primeira mulher a participar diariamente do Jornal Nacional, em 1991, apresentando a previsão do tempo. Pouca gente se lembra, mas outro caso é o de Renato Machado, apresentador do Bom Dia Brasil durante 15 anos e, atualmente, correspondente da Globo em Londres.

Nascido no Rio de Janeiro em 21 de março de 1943, Machado começou sua carreira no teatro, ainda jovem, participando de grupos amadores e atuando em montagens como A Tempestade, de Shakespeare, e em Os Filhos Terríveis e Antígona.

LILLY NASCIMENTO

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Com a inauguração da TV Globo no Rio de Janeiro, em 1965, ele passou a atuar em novelas da emissora. Fez Rosinha do Sobrado (1965), segunda novela da casa, e a primeira versão de A Moreninha (1965), ambas estreladas por Marília Pêra. No entanto, eram papéis coadjuvantes, tanto que recebeu crédito apenas na segunda trama, e ainda assim se desconhece o nome de seu personagem.

Machado também dublou seriados americanos. Em 1966, esteve no cinema, em O Mundo Alegre de Helô.

Existem poucos registros e citações da carreira de Renato Machado como ator. Essa faceta do jornalista veio à tona em 2012, quando ele participou, diretamente de Londres, de uma entrevista de Regina Duarte ao Programa do Jô.

Jô Soares lembrou que dirigiu Regina em Romeu e Julieta e chamou no telão um colega de elenco para cumprimentá-la. Era ninguém menos do que Machado, que foi o Romeu em algumas apresentações. "O Renato me impressionava muito pela inteligência, era articuladíssimo, culto, informado, bacana, gente boa", declarou a atriz.

Renato Machado no Bom Dia Brasil, telejornal que apresentou durante 15 anos

Veia jornalística

A carreira de Machado deu uma guinada em 1967, quando ele foi aprovado em primeiro lugar em um teste de narração e tradução em inglês e foi fazer um estágio na rádio BBC, de Londres, na Inglaterra. Voltou ao Brasil em 1969, atuando mais um tempo como ator, dessa vez no Teatro Oficina.

No começo dos anos 1970, foi tradutor e repórter esportivo do Jornal do Brasil. Era amigo de Armando Nogueira, que dirigiu a Central Globo de Jornalismo entre 1966 e 1990. Após diversos convites, aceitou ingressar na Globo em 1982, estreando no Globo Repórter com uma reportagem sobre o comércio de sangue na Baixada Fluminense. "Fui o único repórter que entrou nesta casa dando o próprio sangue", brincou em depoimento ao projeto Memória Globo.

Nos anos 1990, após uma experiência na extinta TV Manchete, voltou à Globo e, em 1996, assumiu o posto de âncora e editor-chefe do Bom Dia Brasil, onde ficou até 2011. Desde então, vive na Inglaterra e participa dos telejornais da emissora diretamente de lá.

Curiosamente, sua filha Maria Eduarda Machado também é atriz. Foi uma das protagonistas da temporada de 2007 de Malhação, participou da Oficina de Atores da Record e estará em Cúmplices de um Resgate, próxima novela do SBT.

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