MEMÓRIA DA TV
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Ana Paula Arósio foi a protagonista de Hilda Furacão (1998); atriz era contratada do SBT
Publicado em 25/7/2021 - 6h15
Há 23 anos, em 23 de julho de 1998, a Globo encerrava a exibição de Hilda Furacão. Baseada no romance homônimo de Roberto Drummond (1933-2002), a minissérie de Gloria Perez marcou o primeiro trabalho de Ana Paula Arósio na emissora. Além da boa audiência da trama, chamou a atenção a forma como ela conseguiu atuar na produção, já que ainda estava sob contrato do SBT.
Ainda em 1997, bem antes da estreia da minissérie, a Globo procurava uma protagonista para viver a garota de classe média que virou prostituta e enlouqueceu os homens da sociedade mineira da década de 1950.
Antes de Ana Paula, a emissora cogitou colocar nomes como Letícia Spiller e Cláudia Abreu para interpretar a personagem. Mas a escolhida acabou vindo de sua maior concorrente, com quem a atriz ainda tinha alguns meses de contrato.
Em 25 de outubro de 1997, o Jornal do Brasil informou que um acordo inusitado foi feito entre as duas emissoras. O contrato da artista não foi rescindido, e ela foi emprestada à Globo --como fazem os times de futebol com seus atletas. "Para não dar o braço a torcer, Silvio Santos teria emprestado sua estrela à concorrente", comunicou a reportagem.
Com a noção de que não ia ter como segurar sua principal estrela, lançada na novela Éramos Seis (1994), o SBT impôs que ela ainda participasse de quatro teleteatros após a minissérie. "Nunca fiz nada parecido em 20 anos de profissão", disse a agente da atriz, Nissia Garcia, ao jornal O Estado de S.Paulo de 2 de novembro de 1997.
As gravações da série foram iniciadas na mesma época, em Tiradentes (MG), ainda sem a presença da protagonista, que chegaria à cidade somente em novembro, junto com o protagonista masculino, Rodrigo Santoro. Nomes como Paulo Autran, Guilherme Karam e Mara Manzan foram os primeiros a terem cenas rodadas.
No entanto, o acordo quase foi desfeito alguns dias depois. O jornal O Globo de 7 de novembro informou que as negociações foram suspensas, sem perspectiva de retomada, por conta de uma cláusula do contrato do SBT que foi rejeitada pela Globo.
"Não foi dinheiro. Essa questão até foi resolvida rapidamente. Foi uma negociação de exceção e, portanto, difícil de ser realizada. Tivemos vários problemas durante quase um mês de conversações, todos foram resolvidos, menos um. Mas não falo sobre o contrato", despistou Nissia.
O teor da tal cláusula não foi revelado oficialmente, mas a reportagem informou que o SBT teria exigido que, após voltar da Globo, Ana Paula renovasse seu contrato durante mais dois anos.
"Ela está muito triste porque já estava mobilizada para esse trabalho", explicou a agente. Enquanto isso, a Globo cogitou colocar Luana Piovani, que fazia Malhação, como a protagonista da trama.
Pouco tempo depois, no entanto, a situação foi resolvida. "Havia uma cláusula quase impossível de se mexer, mas a gente conseguiu mexer. Houve uma negociação muito correta das partes", declarou a atriz. Com a liberação, ela partiu para Tiradentes, onde fez suas primeiras cenas.
Em fevereiro, após concluir as gravações na Globo, a artista voltou ao SBT --não poupando críticas à diferença dos trabalhos que havia acabado de fazer. "O texto é fácil de decorar, é meio óbvio", disparou ela sobre o teleteatro, adaptado de um texto mexicano.
Quando o contrato terminou, Ana Paula finalmente assinou com a Globo, estrelando a novela Terra Nostra em 1999. A partir daí, teve diversos papéis de destaque. Ela deixou a emissora no final de 2010, quando seria a protagonista de Insensato Coração. Desde então, ela voltou a aparecer no vídeo somente no ano passado, em um comercial do Banco Santander.
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