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Aguinaldo Silva é contra remakes e detona nova versão de Vale Tudo: 'Respeito'

RENATO ROCHA MIRANDA/TV GLOBO

Aguinaldo Silva posando com leve sorriso no rosto, e cachecol

Aguinaldo Silva: autor detonou remakes de novelas e influenciadores com papéis em folhetins

REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 28/6/2024 - 10h52

Aguinaldo Silva admitiu que não apoia remakes de novelas. O autor alegou que todas as novas versões que existiram até o momento foram menos interessantes do que as originais e ainda afirmou que não concorda com o remake de Vale Tudo (1988), folhetim de sucesso da Globo do qual foi um dos roteiristas.

Em entrevista ao colunista Ricky Hiraoka, o dramaturgo explicou os motivos pelos quais não concorda que novelas sejam refeitas tempos depois da exibição de suas versões originais. "Eu sou contra remakes. A novela existe naquele momento, depende do autor, do elenco, da disposição do público para que tudo dê certo", afirmou.

"Todos os remakes foram sempre menos interessantes que os originais. As pessoas que veem novelas vão ver uma Odete Roitman que não é Odete Roitman. Quem vai fazer Odete? Cassia Kis poderia fazer, por exemplo. A própria Gloria Pires faria uma boa Odete, mas não está na idade ainda. Mas não tem jeito. Odete sempre vai ser Beatriz Segall", justificou ele.

"Eu te confesso que se tivesse que escalar o elenco desse remake, pediria demissão. As pessoas vão assistir ao remake de Vale Tudo e vão dizer que gostam mais da original. Eu não me atreveria [a fazer remake de Vale Tudo] por uma questão de respeito", reforçou.

O autor ainda afirmou que o público pode sentir um certo estranhamento com a premissa da novela, que fazia muito mais sentido nos anos 1980. "A pergunta básica da novela ["Vale a pena ser honesto no Brasil?"] é uma questão delicada atualmente, porque parece que vale a pena ser um pouquinho vigarista hoje em dia", disparou.

Silva comentou que não mudaria nada no folhetim que dividiu com Gilberto Braga (1945-2021) e Leonor Bassères (1926-2004), assim como não alteraria outra novela sua de sucesso: Senhora do Destino (2004). "Existem novelas em que não há o que mexer", disse.

Inclusive, Senhora do Destino teve uma movimentação interessante nos bastidores: o autor queria Regina Duarte para o papel de Maria do Carmo, enquanto Susana Vieira seria Nazaré. No entanto, tudo culminou para que Renata Sorrah fosse a vilã, que se tornou icônica.

"Quando entreguei a sinopse da novela, tinha na cabeça que Maria do Carmo seria Regina Duarte e Nazaré, a Suzana Vieira. Wolf Maya, que era o diretor, não queria Regina por alguma razão e começou a trabalhar nos bastidores para que essa escalação não acontecesse", contou.

"Ele criou obstáculos para Regina ser a protagonista e ela desistiu. Aí, ele me sugeriu: 'Por que a gente não põe Suzana Vieira como Maria do Carmo e a Renata Sorrah como Nazaré?'. O resultado todo mundo conhece. A hostilidade e a rivalidade entre as personagens eram tão verdadeiras que beiravam a vida real", elogiou.

No ano em que a novela completa duas décadas desde sua estreia, Aguinaldo afirmou que o principal legado do folhetim é ser extremamente verdadeiro. "Os personagens são realistas. Não há nada que seja fake em Senhora do Destino. As pessoas não estavam acostumadas com isso. Naquela época, as novelas ainda eram muito melodramáticas ou tinham um estilo de crônica. Aí apareceu uma novela sobre uma mulher batalhadora como tantas que existem no Brasil, e o público se identificou com aquela história de verdade", soltou.

O autor acredita que não há espaço para uma nova Nazaré nos dias atuais, por conta do comportamento do público nas redes sociais. "Ela é debochada, tem uma linguagem incorreta. Uma Nazaré, hoje em dia, seria aceita pelo público, mas as redes sociais se veriam na obrigação de cancelar a personagem como se não houvesse pessoas assim", disparou.

Crítica à nova fase da TV

Aguinaldo Silva deu sua opinião sobre a queda de audiência de novelas nos últimos anos. "As novelas ficaram fakes. Mesmo quando elas tentam ser populares, elas não conseguem e afastam o público. Os autores mais jovens são de classe média, foram criados em condomínio. Não têm vivência, experiência de mundo", afirmou.

"Nós, da antiga geração, não tínhamos rede de proteção. Nós sabíamos o que estávamos escrevendo. As novelas não têm mais personalidade e a ideologia do autor, o que ele pensa, o que ele quer, o que ele viu e viveu. São todas muito iguais", detonou ele.

"Não se pode fazer a mesma história uma atrás da outra. Tivemos uma sequência de novelas ambientadas em fazenda. Isso sufoca o espectador. Além disso, hoje você tem o TikTok. Todo mundo quer consumir conteúdo rápido e pouca gente tem paciência de acompanhar novela", analisou.

Outra tendência que foi rechaçada pelo escritor na nova fase da TV é a de escalar influenciadores digitais para papéis importantes. "Essas pessoas não são atores e não funcionam. Numa novela que você precisa construir um personagem e dar credibilidade a ele, se você não for um bom ator, você não consegue", argumentou.

"Um erro da TV é querer agradar aos públicos das redes sociais. Se tivesse que escolher uma influencer para ser Nazaré, quem seria? É impossível. A preocupação da TV convencional com essa coisa fluida da internet é um erro. O público da TV está em casa e o que eles querem ver é um folhetim com bons atores", contestou.


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