Adeus de Eliana mostra que SBT precisa aprender a fazer homenagem com a Globo

O SBT perdeu uma chance de ouro de fazer um tributo digno para Eliana, que ficou 15 anos na casa. A despedida no domingo (23) foi reduzida a uma reportagem especial e a homenagens que ficaram aquém da emoção. O deslize vem após Daniela Beyruti, vice-presidente do SBT, criticar a Globo por "surfar na onda" de seus artistas e homenageá-los na concorrência.

A filha número três de Silvio Santos admitiu que sente ciúme de liberar estrelas do SBT para programas da Globo. Em 2023, Eliana fez o Criança Esperança com Xuxa e Angélica. Já neste ano, Raul Gil foi homenageado no Domingão com Huck e ainda anunciou sua aposentadoria da televisão exclusivamente para a rival.

O programa do marido de Angélica frequentemente recorre a estrelas de outras emissoras. Ele promoveu um tributo a Gugu Liberato (1959-2019) com a participação do filho dele, João Augusto, na Batalha do Lip Sync; e também levou Livia Andrade, artista que ficou conhecida no Programa Silvio Santos, para sua bancada de comentaristas fixos.

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A líder de audiência ainda quer mais: é planejada uma grande comemoração para os 60 anos de Globo em 2025, com a expectativa de uma participação de Silvio Santos. Ainda que não aceite, ele aparecerá em imagens de entrevistas e programas.

Os esforços da Globo para homenagear artistas "roubados" do SBT poderia ter inspirado Daniela Beyruti a dar a volta por cima com Eliana. E, assim, mostrar que sua emissora também é capaz de criar momentos memoráveis. Entretanto, não foi bem assim.

A despedida de Eliana

A equipe não conseguiu entregar um desfecho à altura da grandiosidade de Eliana. O público que assistiu ao SBT no domingo acompanhou três horas de uma reportagem especial em Portugal, e a última hora restante retratou de forma muito vaga a contribuição de Eliana para a emissora. O "adeus" foi ofuscado pelo pedido de desculpas de Patricia Abravanel no Programa Silvio Santos, exibido na sequência.

No Programa Eliana, foram resgatados trechos de menos de 30 segundos com os melhores momentos de quadros que passaram pela atração, além de memes e pessoas que tiveram as vidas impulsionadas após aparecerem na televisão. Para resumir 15 anos em uma hora foi difícil. A experiência da despedida se equiparou a uma retrospectiva de fim de ano.

Um dos momentos pouco explorados foi a aparição surpresa de Celso Portiolli, um grande amigo da comunicadora, e também de Regina Volpato. O anfitrião do Domingo Legal trocou poucas palavras com Eliana e, no fim das contas, fez uma publicidade de uma marca patrocinadora e foi embora.

Como era de se esperar para uma despedida, Eliana se emocionou com os recados dos colegas. O ponto alto do programa foi a interação dela com Tiago Barnabé, intérprete da personagem Narcisa. O humorista cresceu profissionalmente na atração e presenteou a companheira com um buquê de flores.

O cantor Daniel, convidado para Eliana para apresentar as "surpresas", mal participou da despedida e funcionou apenas como atração musical. O número final de Eliana e Daniel, com a música Nossa Senhora, serviu para cutucar a audiência das concorrentes. O tratamento artificial com auto-tune no playback da apresentadora a prejudicou no que poderia ter sido memorável.

O Programa Eliana chega ao fim para expor o maior problema que a atração enfrentou no longo período em que esteve no ar: uma obra batida e cansativa de assistir, e que não soube evoluir e voar junto com sua apresentadora.