Yellowjackets 'evoca' Lost em 2ª temporada mais sombria e sangrenta

Surpresa do Emmy 2022 com sete indicações, Yellowjackets retorna com sua segunda temporada nesta sexta-feira (24) ainda mais sombria e sangrenta. Nos novos episódios, a série criada por Ashley Lyle e Bart Nickerson "evoca" características de Lost (2004-2010) e, com isso, comete erros e acertos.

Muito elogiado por crítico e fãs, o primeiro ano de Yellowjackets surpreendeu todos com uma história de mistério que envolve um grupo de mulheres que sobreviveu a um acidente aéreo na época do colegial e viveu durante meses perdido em uma floresta. Anos depois, já adultas, elas voltam a ser assombradas por segredos do passado.

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As comparações entre Yellowjackets e Lost começaram já na primeira leva. A natureza sobrenatural da série do Paramount+, assim como a narrativa que se divide com cenas no passado e no presente, deu o que falar há quase 20 anos quando o hit sobre o voo 815 fazia os espectadores sentarem em frente à TV uma vez por semana para descobrir novos segredos e desvendar antigos.

Na segunda temporada, as semelhanças ficam ainda maiores --para o bem e para o mal. Apesar do sucesso absoluto, Lost ficou marcada pela trama confusa e que foi perdendo força cada vez que os roteiristas esticavam mais a sua vida "útil". O final da série é até hoje criticado por uma grande parcela dos fãs, que não gostou que algumas escolhas e resoluções feitas pelos criadores.

DIVULGAÇÃO/PARAMOUNT+

Sophie Nélisse e Jasmine Saboy Brown

No caso de Yellowjackets, os tropeços ainda não são tão significativos. A segunda temporada começa imersa nos segredos envolvendo o período que as sobreviventes ficaram perdidas na floresta e explora ainda mais o lado sobrenatural dessa experiência. Após os eventos trágicos do fim do primeiro ano, elas lidam com o luto da morte de Jackie (Ella Purnell), mas parecem cada vez mais perto de surtar.

Quem retorna praticamente à beira do abismo é Shauna (Sophie Nélisse). A jovem se culpa pela morte da melhor amiga e se entrega a delírios, cuidando do cadáver congelado da garota como se fosse uma boneca. Isso assusta todos, mas principalmente Taissa (Jasmine Savoy Brown), que também tem seus próprios problemas para se preocupar ao descobrir que seu sonambulismo macabro piora a cada dia.

Quem ganha mais destaque nos novos episódios é Lottie (Courtney Eaton). O fim do primeiro ano revelou que ela também sobreviveu ao período na floresta, e a garota é parte central da trama voltada para o misticismo no segundo ano. No futuro, Lottie (vivida por Simone Kessell) tornou-se líder de um culto religioso cujos seguidores fazem o que ela manda, mesmo que a ordem seja sequestrar uma de suas amigas.

A primeira parte do novo ano investe ainda mais nos mistérios envolvendo o passado das sobreviventes, o que faz com que os flashbacks continuem mais interessantes do que as sequências no presente. Assim como em Lost, Yellowjackets sofre para equilibrar ambas as narrativas, e mesmo o talento de atrizes veteranas como Christina Ricci, Melanie Lynskey e Juliette Lewis nem sempre deixam o núcleo "mais velho" igualmente interessante.

DIVULGAÇÃO/PARAMOUNT+

Simone Kessell em Yellowjackets

A entrada de Elijah Wood como o estranho Walter é um dos principais acertos da segunda temporada que ajudam a salvar as sequências do tempo presente. Aliado de Misty (Christina Ricci), ele tem personalidade tão peculiar quanto a da enfermeira, e a dinâmica da dupla é uma das melhores coisas do novo ano.

Apesar das comparações com Lost, Yellowjackets tem tudo para fugir dos mesmos tropeços que marcaram o fenômeno dos anos 2000. Já renovada para uma terceira temporada, a série precisa contar com o bom senso de sua equipe de roteiristas para não se alongar em mistérios cabeludos e saber a hora certa de parar. Caso o faça, ela pode ficar marcada como um dos melhores títulos disponíveis em serviços de streaming de todo o mundo.

Assista ao trailer da segunda temporada de Yellowjackets: