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Perdidos no Velho Oeste

Westworld deixa até os atores confusos; vale a pena ver uma série tão complexa?

Imagens: Divulgação/HBO

Ed Harris como William Homem de Preto: o personagem mais enigmático da segunda temporada - Imagens: Divulgação/HBO

Ed Harris como William Homem de Preto: o personagem mais enigmático da segunda temporada

JOÃO DA PAZ

Publicado em 26/6/2018 - 5h24

Ed Harris e Jimmi Simpson são gente como a gente. Estrelas de Westworld, aposta da HBO para suceder Game of Thrones, os atores vieram a público revelar que também não entendem a trama da série. Ao final da segunda temporada, no último domingo (24), a produção ficou ainda mais confusa. Entre tantas narrativas paralelas, ficou fácil se perder. Daí cabe a pergunta: vale a pena assistir uma trama tão complexa?

O cocriador de Westworld Jonathan Nolan afirma que a série não é para qualquer um. Ao falar para o site da Entertainment Weekly sobre a segunda temporada, o produtor jogou limpo. "Fazemos a série voltada a quem tem a capacidade de seguir uma história complicada e não-linear", disse.

Nolan admite que é compreensível a indignação dos fãs que ficaram sem rumo ao buscar compreender tantas linhas de tempo apresentadas na atração.

O ator Jimmi Simpson em episódio de Westworld

Desde o início, Westworld deixou os telespectadores coçando a cabeça ao apresentar um parque futurista, uma réplica de uma cidade do Velho Oeste norte-americano, no qual humanos brincavam de bandido, mocinho ou simplesmente curtiam um passeio nas ruas empoeiradas ao lado de robôs, chamados de anfitriões.

Logo a confusão foi estabelecida. Surgiam dúvidas sobre qual personagem era robô e qual era humano, tal a perfeição das máquinas. E para complicar ainda mais, diversas linhas do tempo eram apresentadas em um único episódio sem nenhuma marca distintiva clara (um filtro de cor, por exemplo), já que as mudanças no figurino são muito sutis.

O telespectador não podia piscar o olho. Corria o risco de ficar sem saber se o que via era estava no presente, passado ou futuro.

Enigma
Westworld é um quebra-cabeças tão emaranhado que nem os próprios atores conseguem resolver. Jimmi Simpson, por exemplo, só sacou a jornada de seu personagem, o William jovem, após tomar um café da manhã com Lisa Joy, a outra mente criadora de Westworld.

Ator que interpreta a versão velha de William, Harris foi extremamente franco ao confessar que precisa de um manual para entender onde se meteu. "Eu não faço ideia do que está acontecendo [na série]. Há muitas coisas que eu não entendo”, comentou em entrevista ao site HuffPost, publicada na semana passada.

William, de fato, foi o personagem mais difícil de se acompanhar. O telespectador comum, sem tempo ou saco para ir atrás de explicações sobre a trama, ficou sem entender direito se o William Homem de Preto, a sua versão madura, é um humano, uma máquina ou um ser mais evoluído que os robôs anfitriões.

Thandie Newton na segunda temporada da série; cara de quem não faz ideia do que se passa

Episódio insuficiente
Westworld é uma série transmídia em sua essência. Ela não ganha vida somente uma vez por semana, aos domingos à noite. Tem seu alcance ampliado em sites diversos, sejam oficiais ou criado por fãs. E isso é fundamental para entendê-la.

O que seria uma estratégia bacana acaba indo ao caminho inverso porque até os elementos mais básicos da trama são complicados de serem entendidos no formato que deveria ser suficiente: o episódio em si.

Dessa maneira, o telespectador tem de ler análises e resumos de publicações especializadas para compreender o que acabou de assistir. Não é uma busca por informações complementares, como acontece com outras séries cabeçudas. São informações essenciais para se entender o básico.

Mas nem Mr. Robot, American Gods ou até mesmo Game of Thrones, séries dignas de um manual bê-a-bá, exigem tanto esforço do público. Como o roteirista Jonathan Nolan argumentou, a série que ele desenvolveu é para poucos. Quem busca um simples entretenimento para passar o tempo deve assistir outra coisa.

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