SUPERFANTÁSTICA HISTÓRIA
Divulgação/Ziv Gallery
Vimerson Canavillas, o Tob do Balão Mágico, abriu sua primeira exposição no fim de semana
Lançada em julho no Star+, a série documental A Superfantástica História do Balão Mágico pintou um retrato preocupante de Vimerson Canavillas, mais conhecido como Tob. Na atração, o artista revela que teve depressão, problemas que deixaram sua pele em carne viva e traumas que o afastaram dos palcos. Ele alega, no entanto, que a situação não foi tão dramática assim e que a diretora Tatiana Issa e o roteirista Fernando Ceylão carregaram nas tintas para deixar a produção mais bombástica.
"O documentário passou uma coisa que parecia que eu fui obrigado a fazer aquilo [participar do Balão Mágico]. E não foi bem assim. Eu amava quando subia ao palco! Ficava tenso antes, porque tinha uma responsabilidade de querer agradar. Mas, quando entrava, eu estava no céu! Poder cantar e transmitir aquela energia tão boa para outras crianças me dava um prazer enorme, eu esquecia todo o resto. Era o que eu mais queria na vida", diz Canavillas em conversa exclusiva com o Notícias da TV.
É claro que Tatiana e Ceylão não inventaram os problemas vividos por Tob na adolescência --afinal, o próprio integrante aparece contando os seus dramas para as câmeras do documentário. Mas ele vê um exagero sensacionalista de sua história. "A minha experiência no Balão Mágico foi muito mais positiva do que negativa. [A série] Passou uma coisa que não era bem assim. Eu falei muitas outras coisas [boas] que acabaram não entrando, talvez por uma questão de tempo, não sei dizer", minimiza o cantor.
Apesar disso, Tob gostou de ter aberto seu coração para a produção do Star+. "O Mike [Biggs, outro integrante do Balão] até brinca que o documentário fez ele economizar muitos anos de terapia (risos), e foi isso mesmo. Eu faço terapia, mas estava com uma certa apreensão de tocar nesse assunto. Tive que revirar o baú, ver fotos, muitas coisas eu tinha apagado da memória."
Voltar a esses assuntos fez tudo fluir de uma forma natural. Há coisas que eu não achava bacanas na época, e falar sobre elas foi como diluir aquilo que eu guardava de uma maneira não muito positiva. Senti que eu estava me atualizando, vendo tudo de fora como um adulto. Entendi que era outra época, que os recursos não eram como os que temos hoje, de cuidados com as crianças, estrutura, organização para fazer shows. O Balão foi pioneiro nisso, nós fomos uma experiência.
"De maneira geral, fazer o documentário foi muito bom. Acabou me tirando essas coisas que me incomodavam. Teve uma época que eu nem falava de Tob, de Balão, estava no passado e queria que continuasse por lá", resume.
Demitido do Balão Mágico em 1985, quando já estava com 14 anos e passava pela mudança de voz típica da puberdade, Tob chegou a lançar um disco solo, que não fez sucesso porque não recebeu apoio ou divulgação da gravadora. Frustrado, ele largou a música, mas não a paixão pelas artes.
Cavanillas entrou no Centro de Pesquisa Teatral (CPT), coordenado na época pelo renomado diretor Antunes Filho (1929-2019). Ele foi selecionado sem que o diretor soubesse de seu passado no Balão --também não fez questão de falar sobre sua antiga fama aos colegas da companhia.
Eu não ia me apresentar: 'Eu sou o Tob, fiz um tremendo sucesso'. Existia uma cobrança de todo mundo, mas principalmente de mim mesmo. Eu queria começar uma coisa nova, trabalhar no teatro, e tinha que deixar o passado para trás para não interferir. Lógico que tudo que eu vivi me deu uma bagagem cultural fundamental para eu ser quem eu sou. Mas eu tinha que deixar a fama lá atrás, senão daria uma pirada.
Atualmente, Canavillas trabalha como artista plástico, uma paixão que ele começou a desenvolver há 15 anos, quando teve contato com uma pintura de Jackson Pollock (1912-1956) durante uma viagem do CPT para Madri, na Espanha. "Aquilo me deu um impacto, aquelas camadas de tinta, nunca esqueço a sensação que eu tive na hora. Bateu uma energia muito grande, me tocou bastante", valoriza.
Depois, passou a apreciar as obras de Jean-Michel Basquiat (1960-1988), a arte urbana e os grafiteiros nas ruas de São Paulo. "Fiz curso de estêncil, de xilogravura, pintura contemporânea e clássica, não tinha noção nenhuma e fui aprendendo, experimentando. Eu amo, é uma coisa que me realiza, fico no meu mundo e tento transmitir o que eu quero para as outras pessoas."
Na última sexta-feira (1º), Tob inaugurou sua primeira exposição. Agora que abraça seu passado e não renega mais sua história, ele batizou a mostra de Outros Balões. E, assim como ficava nervoso antes de subir ao palco com Mike, Simony e Jairzinho, admite que está ansioso para a reação do público. "Fica uma tensão de querer que todo mundo curta, porque você faz arte para as pessoas. Mas acho que, quando se perde essa ansiedade, é porque algo está errado, aí sim você precisa se preocupar", finaliza.
A exposição Outros Balões acontece até 1º de outubro na ZIV Gallery (R. Gonçalo Afonso, 119, Beco do Batman, São Paulo). O local fica aberto das 10h às 20h, todos os dias. A entrada é gratuita.
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