FERNANDA YOUNG E ALEXANDRE MACHADO
Bob Paulino/TV Globo
Fernanda Young e Alexandre Machado, criadores de Os Normais: depois, só tiveram fracassos
REDAÇÃO
Publicado em 6/11/2017 - 5h43
Uma das comédias brasileiras mais elogiadas do século, Os Normais (2001-2003) alçou ao primeiro escalão de roteiristas da Globo a dupla Fernanda Young e Alexandre Machado. O problema é que, quase 15 anos depois do fim das desventuras de Rui (Luiz Fernando Guimarães) e Vani (Fernanda Torres), os escritores não conseguiram emplacar mais nenhum grande sucesso na emissora.
A primeira tentativa veio logo em 2004, com Os Aspones, sobre o dia a dia de uma repartição pública cujos funcionários não têm nada para fazer. O bom elenco reunia Selton Mello, Andréa Beltrão, Pedro Paulo Rangel, Marisa Orth e Drica Moraes, mas o público não comprou a proposta, e a série saiu do ar com apenas sete episódios.
Em 2006, Fernanda e Machado decidiram retomar a parceria com Luiz Fernando Guimarães com dois formatos: o quadro Super Sincero, exibido no Fantástico, e a série Minha Nada Mole Vida (2006-2007), que ocupava o mesmo horário de Os Normais nas noites de sexta-feira.
A comédia sobre o colunista social Jorge Horácio (Guimarães) conseguiu durar três temporadas, mas com repercussão muito abaixo da obtida por Os Normais. A duração também foi bem menor: a série completa teve 23 episódios; sozinha, a primeira temporada de Rui e Vani teve 26.
Há exatos dez anos, o casal de roteiristas apostou em uma comédia cult, O Sistema (2007). Com Selton Mello, Gregório Duvivier, Ney Latorraca e Zezé Polessa, a série mostrava um grupo de pessoas que protestava contra o capitalismo e tentava lutar contra o sistema. Criada em parceria com Selton, a produção foi um fracasso completo e teve apenas seis capítulos.
A maldição de Os Normais continuou com Nada Fofa (2008), especial de fim de ano que sequer conseguiu um espaço na grade da Globo no ano seguinte. O programa contava com Letícia Spiller na pele de uma advogada que contracenava com Pintonildo, um boneco que representava um pinto cor de rosa.
divulgação/tv globo
Vani (Fernanda Torres) e Rui (Luiz Fernando Guimarães) em Os Normais: o último (e único) hit
Depois de vários tiros n'água com formatos mais ousados, Fernanda e Alexandre voltaram à fórmula de explorar a vida de um casal histérico em Separação?! (2010), agora com Vladimir Brichta e Débora Bloch como protagonistas. A série foi elogiada e conseguiu até uma indicação ao Emmy Internacional, mas não foi renovada para uma segunda temporada.
O escracho tomou conta dos roteiros com Macho Man (2011), em que o diretor Jorge Fernando passava para a frente das câmeras na pele de Zuzu, um cabeleireiro que acorda no hospital e descobre que deixou de ser gay. A série teve apenas 21 episódios e não sobreviveu até a virada do ano. Mais um fracasso para o casal.
A segunda indicação ao Emmy Internacional veio com Como Aproveitar o Fim do Mundo (2012), que brincava com a profecia maia sobre o apocalipse. Com Danton Mello e Alinne Moraes como protagonistas, a produção teve apenas oito episódios. O fracasso foi internacional: a rede norte-americana CW comprou a ideia para produzir No Tomorrow (2016-2017), também cancelada depois de 13 episódios.
Se o casal estava em uma maré de azar, O Dentista Mascarado estreou em 2013 para deixar tudo ainda pior. A estreia de Marcelo Adnet na Globo foi detonada pela crítica, rejeitada pelo público (perdeu quase metade da audiência ao longo da temporada) e teve apenas 12 episódios.
Dentista fez tão mal para a reputação do casal que Alexandre e Fernanda preferiram dar um tempo na Globo e foram para a TV paga. No GNT, fizeram a série Surtadas na Yoga (estrelada pela roteirista e exibida entre 2013 e 2014), Odeio Segundas (2015) e Edifício Paraíso, que terá uma segunda temporada.
A incursão mais recente de Machado e Fernanda foi Vade Retro, em que Monica Iozzi vivia, literalmente, a advogada do diabo (Tony Ramos). Antes mesmo da estreia, os roteiristas trabalhavam nos textos da segunda temporada. A péssima audiência da primeira, porém, alterou os planos da emissora. Não se fala mais em Vade Retro.
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