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Sem Jack Bauer, novo 24 Horas tem protagonista negro e discute racismo

Imagens: Divulgação/Fox

O ator Corey Hawkins interpreta o novo Jack Bauer, Eric Carter, na série 24 Horas: O Legado - Imagens: Divulgação/Fox

O ator Corey Hawkins interpreta o novo Jack Bauer, Eric Carter, na série 24 Horas: O Legado

LUCIANO GUARALDO

Publicado em 9/2/2017 - 5h40

24 Horas: O Legado, que estreia nesta quinta (8) na Fox, traz de volta os acontecimentos em tempo real e a luta contra terroristas que marcaram a série original (2001-2010). Sem Jack Bauer (Kiefer Sutherland), os produtores recorreram a um protagonista negro e a vilões muçulmanos para discutir questões como racismo e anti-islamismo.

Herói da vez, Eric Carter (Corey Hawkins, o Heath de The Walking Dead) é negro, jovem, teve uma infância difícil e ainda hoje lida com o preconceito. No segundo episódio (que também vai ao ar hoje), ele precisa ser preso, para roubar dinheiro apreendido em uma delegacia, e diz que não terá problemas para que isso aconteça, por causa da cor de sua pele.

Os vilões da vez são muçulmanos que organizam um ataque em solo americano. A série está sendo criticada por essa escolha, pois parece tomar o lado de Donald Trump na polêmica sobre proibir a imigração de sete países adeptos da religião aos Estados Unidos como forma de "diminuir a ameaça terrorista". Os produtores alegam coincidência, já que a série foi escrita antes da eleição de Trump.

Em uma época na qual a violência policial contra negros e a xenofobia são amplamente discutidas nos Estados Unidos, a série coloca o dedo na ferida. Repete, assim, outro ingrediente do sucesso da 24 Horas original: o fato de ser extremamente atual _a estreia em 2001 teve de ser adiada pois mostraria um avião explodindo apenas um mês depois dos atentados do 11 de Setembro.

Herói perseguido
O primeiro episódio, exibido às 23h, apresenta Eric Carter, um ex-soldado de elite do Exército norte-americano que participou da operação responsável por matar o líder terrorista Ibrahim bin-Khalid. Só que os seguidores do muçulmano não aceitam a derrota e passam a eliminar, um a um, os soldados da operação e seus familiares.

Os únicos sobreviventes são Carter e Ben Grimes (Charlie Hofheimer, de Mad Men), que não lidou bem com a volta ao país e, por causa do estresse pós-traumático, virou um viciado. Quando Carter descobre que as vidas dele e do amigo correm risco, é obrigado a voltar à ação.

Miranda Otto vive Rebecca Ingram, ex-diretora da CTU e única pessoa em quem Carter confia

Para ajudá-lo nessa missão, ele conta com Rebecca Ingram (Miranda Otto, de Homeland), ex-diretora da CTU (Unidade Contra-Terrorista, na qual Jack Bauer trabalhou durante a série original) que se afastou do cargo para a campanha à presidência do marido, o senador John Donovan (Jimmy Smits, de The Get Down).

Juntos, Carter e Rebecca descobrem que, além de eliminar os soldados americanos, os terroristas muçulmanos planejam uma série de atentados nos Estados Unidos. Agora, eles precisarão correr contra o tempo para proteger o país _e de forma anônima, já que não estão certos de que podem confiar no novo diretor da CTU, Keith Mullins (Teddy Sears, de Flash). 

Fãs da série original sentirão a falta de Jack Bauer e de outros personagens marcantes, como a hacker Chloe O'Brian (Mary Lynn Rajskub) ou o político David Palmer (Dennis Haysbert) _que sequer são citados nos dois primeiros episódios. Mas 24 Horas: O Legado é um bom passatempo e Corey Hawkins tem carisma para carregar a série nas costas _desde que não tente copiar o que Kiefer Sutherland fez no passado.


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