COM BRUNO GAGLIASSO
REPRODUÇÃO/NETFLIX
Bruno Gagliasso em cena de Santo; série mostra religião macabra e fictícia de traficante
Série com Bruno Gagliasso, Santo estreou na Netflix na última sexta-feira (16) e apresentou ao público uma religião fictícia que mistura elementos de culturas da África ocidental como banto e jejé. A principal inspiração é iorubá, com a devoção do traficante ao orixá Icu --ainda que rituais e sacrifícios como os da produção não representem a realidade de qualquer culto afro-brasileiro.
[Atenção: Contém spoilers da série Santo abaixo]
"Santo tem um pacto com Icu. A morte. Se ele alimentar Icu com sacrifícios, ele se livra dos inimigos. Ele quer ser como os reis do antigo Daomé. Obriga seus filhos a comer, beber e dançar. Santo promete que nunca nada vai acontecer com eles, que ninguém vai ser pego e que nunca vão descobrir o que fazem, porque serão invisíveis", explica a personagem Bárbara (Victoria Guerra), no primeiro episódio.
Icu é o orixá responsável pelo ciclo da criação, que conduz os homens que já cumpriram a sua missão de volta para o Orum (mundo espiritual). Ele retira èmí (sopro da vida), sendo posteriormente associado à figura da morte de culturas indo-europeias. Ele, porém, talvez não seja tão conhecido por não-iniciados quanto outras divindades como Iemanjá ou Ogum.
Já os reis do antigo Daomé tinham o costume de realizar sacrifícios aos deuses que se alternariam: em um ano seriam gados, em outro, pessoas --que variavam entre prisioneiros de guerra, rebeldes ou idosos e deficientes que não poderiam mais guerrear.
Quando os sacrifícios eram realizados, acontecia também uma grande festa na qual o rei dava de comer e beber ao povo até se saciar. Apesar dos relatos, não há nenhum registro oficial que comprove que os sacrifícios se alternavam entre animais e humanos.
No Brasil, o candomblé e a umbanda são religiões de matriz africana muito fortes na Bahia, que serviu como pano de fundo para as cenas da série que se passam no Brasil e também é onde fica o cartel de Santo. Ernesto Cardona, personagem de Gagliasso, é praticante do candomblé, assim como o ator.
"O meu pai de santo é da Bahia, inclusive eu estava lá agora e me senti muito em casa, feliz da vida de o Cardona ser também do candomblé, sendo que na série a iniciação do personagem [na religião] é pela namorada dele", declarou o ator, que pediu permissão aos mestres religiosos para atuar na produção.
Diferentemente do policial federal, no entanto, Santo não conta apenas com culto e reza para se proteger. O chefe do tráfico é conhecido por sacrificar humanos, incluindo crianças, e deixa sua marca: ele esquarteja os corpos, bebe o sangue e retira o cérebro.
Santo também marca seus traficantes --a quem chama de filhos-- com um "x" nas pálpebras superiores dos dois olhos e os submete a um ritual macabro de iniciação, no qual eles são cobertos de um tipo de terra molhada. Os iniciantes também são drogados e forçados a matar e esquartejar as crianças capturadas para o sacrifício.
Após os assassinatos, Santo, vestido de branco, bebe o sangue da vítima. No local dos rituais, também tem a presença do corpo do mestre do criminoso, a quem ele oferece os sacrifícios. Dada a iniciação, os traficantes viram devotos de Santo e passam a chamá-lo de pai. É como se ele se denominasse um orixá, como Icu, com a diferença de que ele escolhe quem morre.
Os rituais foram criados pelo próprio traficante, sem nenhum embasamento histórico nas divindades africanas para sacrificar crianças. Apesar das referências, a religião é fictícia e não recebeu um nome na história.
Confira abaixo o trailer de Santo:
ONDE É QUE O SANTO TÁ? 👀🐍 @brunogagliasso é Ernesto Cardona, um policial tentando capturar o maior traficante do Brasil. Santo, minha nova série de suspense espanhola, estreia dia 16 de setembro. pic.twitter.com/rFuHPmKF0G
— netflixbrasil (@NetflixBrasil) August 31, 2022
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