VILA CRUZEIRO
REPRODUÇÃO/PARAMOUNT
Adriano Imperador e sua avó; para superar problemas psicológicos, jogador voltou para a favela
Criado em Vila Cruzeiro, favela da zona norte do Rio de Janeiro, Adriano Imperador se orgulha de sua juventude na comunidade. Após a morte de seu pai, em 2004, o retorno do ex-jogador para o bairro foi importante para que ele trabalhasse na melhora de sua saúde mental. "Queria botar meus pés no chão", relata durante coletiva de imprensa da qual o Notícias da TV participou.
Almir Ribeiro, pai do ex-jogador, morreu vítima de um ataque cardíaco dias depois da vitória da Seleção Brasileira na Copa América, campeonato no qual Imperador teve um papel de destaque em 2004. O episódio engatilhou uma série de problemas psicológicos que o abalaram.
Na época, Adriano jogava pela Inter de Milão, time italiano. Em 2009, depois de enfrentar a pressão de torcedores e da imprensa, o ex-jogador fez uma pausa na carreira para se reaproximar da família. "Naquele momento, as pessoas não aceitavam que eu tomasse aquela decisão", diz.
"Para mim importava aquilo o que eu estava sentindo. As críticas vieram, e eu fiquei triste porque eu não fui tratado como um ser humano, só estavam vendo o lado do futebol", continua, ao reforçar que não se arrepende de suas decisões. "Se eu tivesse que fazer de novo, eu faria".
Primeiro tinha que pensar na minha felicidade, por isso que voltei à favela, porque eu queria botar meus pés no chão. Pensar de onde eu saí, falei: 'Porra, saí daqui da favela e sou Imperador na Itália'. Precisava dar uma recuada na minha vida".
A vida de Adriano Imperador se tornou tema de uma série documental feita para o Paramount+. Com três episódios, a produção reúne declarações inéditas do ex-jogador e conta com relatos de futebolistas como Aloísio Chulapa, Javier Zanetti e Ronaldo Fenômeno.
Dono de uma personalidade reservada e introspectiva, Adriano não costuma dar entrevistas. No entanto, o convite para expor sua trajetória no documentário foi aceito a partir da vontade de apresentar um lado ainda não conhecido pelo grande público. "Foi importante para a imprensa e para o povo que me conhece só de nome, abrir um pouco do meu espaço e do meu mundo", explica o carioca.
"Porque como eu sempre dizia, se o Adriano não estiver bem, o Imperador também não vai estar", completa.
Susanna Lira, diretora do documentário, revela que não foi fácil trabalhar com a timidez do protagonista da produção. Ela precisou do apoio dos familiares de Adriano para coletar material e reunir depoimentos. "Acho que essa série consegue traduzir através dele mesmo, conseguimos entender a alma desse homem que é complexo, mas fascinante ao mesmo tempo", afirma.
Apesar dos obstáculos, Susanna enaltece a abertura do ex-Flamengo ao abordar assuntos que tratam da saúde mental no meio esportivo. "Acho que ele presta um grande serviço aos atletas quando ele se mostra vulnerável e diz: 'Sim, sou um ídolo do futebol, sou um símbolo de masculinidade, mas eu não preciso estar nesse papel de homem invencível. Eu choro, me emociono, eu sinto falta do meu pai'".
Adriano, Imperador estreará nesta quinta (21) no Paramount+. Assista ao trailer:
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