ANA DE LA REGUERA
FOTOS: DIVULGAÇÃO/COMEDY CENTRAL
Ana de la Reguera em cena da comédia Ana; atriz mexicana criou a própria série após diversas rejeições
A mexicana Ana de la Reguera mora nos Estados Unidos há 14 anos e já atuou em produções premiadas, mas ainda enfrenta dificuldades para conseguir papéis que não sejam estereotipados. Ela já perdeu uma oportunidade de trabalho para uma atriz indiana, pois os produtores a consideraram "pouco latina", por ter a pele muito clara e não ser cheia de curvas. Após tantas desventuras, criou Ana, comédia que estreia nesta quinta (20) no Comedy Central, na qual ri de suas desgraças em Hollywood.
"Estava fazendo muitos callbacks [segunda rodada de testes] para personagens de uma garota latina, mas no final, por causa do meu sotaque e porque não me consideraram suficientemente latina, acharam que uma atriz hindu, por ser mais morena, estava melhor no papel que eu. Pensaram que uma atriz hindu parecia mais latina que eu", disse Ana ao Notícias da TV, com um riso irônico.
Ana de la Reguera protagonizou novelas de sucesso no México, e também atuou em séries aclamadas em diversos países, como Capadocia (2008-2012), Narcos (2015-2017), Jane the Virgin (2014-2019) e no revival de Twin Peaks (2017). Mas todos os personagens sempre estiveram conectados à sua etnia.
"Os papéis que me oferecem estão ligados à minha raça latina. E não estou brigando com isso. Pelo contrário. O que nós queremos, como minorias, é ter papéis interessantes e que não sejam estereotipados. Por ser empregada doméstica tem que ser latina? E por que não podem te dar um papel de uma advogada? O papel de uma empregada cairia superbem se fosse protagonista", comentou.
"Há muitos papéis que não posso interpretar por causa do meu sotaque mexicano. Sempre vai ser difícil porque somos uma minoria, ainda que ultimamente se abriram muito mais as portas em relação há 14 anos, desde que cheguei aos EUA. Agora as oportunidades são dez vezes maiores do que antes. Mas uma coisa que vejo em Hollywood é que se te fecham uma porta, outra se abre."
Ana, a série, já está disponível no Prime Video desde abril. Nela, a atriz lança uma lente de aumento em situações desastrosas que ocorreram em sua vida e também dá asas à imaginação, colocando na tela experiências que não viveu, mas que estão em sua lista de curiosidades.
"Eu diria que a personagem Ana é um retrato biográfico quase 100%, mas a história não é. Há personagens na série que nunca existiram em minha vida, ou que são combinações de várias pessoas que existiram em minha vida. E há situações que igualmente nunca ocorreram, como há situações que ocorreram quase que fielmente como em minha vida real", explicou.
"Mas a personagem é muito eu. As coisas que me interessam falar, pelas quais tenho curiosidade, ou todos meus desejos não cumpridos, meus desejos mais obscuros, coisas que gostei de fazer, coisas que faço sozinha. Meu personagem é muito parecido comigo", completou.
Em Ana, a protagonista enfrenta a crise dos 40 anos e se vê perdendo papéis de prestígio para influenciadores digitais que nunca atuaram profissionalmente. Além disso, é atormentada pela mãe, que invade seu subconsciente e se materializa a seu lado, dando conselhos conservadores todas as vezes em que ela está prestes a fazer algo controverso, como fumar maconha em praça pública ou experimentar uma aventura sexual homoafetiva pela primeira vez.
"Há coisas na série que não são divertidas na vida real, alguns confrontos com minha mãe foram obviamente muito mais sérios. Por ser uma comédia, tudo se faz mais leve. Também na carreira como atriz, há momentos mais difíceis que não coloquei, cada negativa ou rejeição que tive. Mas a série não é sobre isso, é sobre uma mulher que vive uma adolescência tardia e está tratando de recuperar o tempo perdido. É uma comédia. As pessoas riem das desgraças alheias, mas obviamente para mim essas desgraças não foram divertidas no momento", declarou.
Ana estreia às 23h30 no Comedy Central. Assista ao trailer (em espanhol):
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