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DE VOLTA NA NETFLIX

Na sombra de Os Simpsons, (Des)encanto enfraquece em sua terceira temporada

Divulgação/Netflix

Bean e Elfo correm em cena da terceira temporada de (Des)encanto

Bean e Elfo na terceira temporada de (Des)encanto; série está de volta com novos episódios na Netflix

ANDRÉ ZULIANI

andre@noticiasdatv.com

Publicado em 21/1/2021 - 6h50

A Netflix estreou na sexta-feira (15) a terceira parte de (Des)encanto, série de animação voltada para o público jovem e adulto cocriada por Matt Groening, o idealizador do fenômeno Os Simpsons. Embora a atração colecione bons momentos em seus novos episódios, a história perde força e se mantém na sombra da principal obra de seu autor.

A nova leva retoma a trama deixada nos instantes finais do último episódio do segundo ano. Os protagonistas Bean, Elfo e Luci são salvos pela ex-rainha Dagmar de serem queimados vivos na fogueira pelo povo de Dreamland (Terra dos Sonhos, em português).

Ao retomar a consciência, Bean descobre um novo mundo subterrâneo logo abaixo de sua terra natal, tão surpreendente quanto a cidade dos elfos e os espaços celestiais (Céu e Inferno) conhecidos nas temporadas anteriores. Além de voltar pra casa, a jovem precisa lidar mais uma vez com as trapaças de sua vingativa mãe.

Em Dreamland, o golpe dado pelo conselheiro Ovald coloca o pequeno Derek na posição de novo rei de seu povo. Sua pouca idade, no entanto, se torna um prato cheio para o vilão instaurar a sua vontade de um governo teocrático e pouco amistoso para a população.

Diferentemente da narrativa do ano anterior, a terceira temporada começa de maneira acelerada e evolui a jornada de seus personagens sem perder tempo como tramas paralelas pouco interessantes.

Conforme os episódios avançam, a história de Bean e sua tentativa de salvar Dreamland, sua família, seus amigos e a si mesma se torna cada vez mais clara e precisa, dando a impressão de que a desejada excelência será encontrada ainda nesta temporada. No entanto, essa sensação dura apenas até a metade dos novos episódios.

Ainda que dê mais destaque para personagens divertidos como Derek e a rainha-pirata-madrasta Oona, (Des)encanto deixa de evoluir e só retoma a mesma agilidade do início quando está próxima de sua conclusão. Nem mesmo a conhecida ousadia da série, que volta a brincar com o uso de drogas e o apetite sexual de seus personagens, a salva do enfraquecimento.

No departamento visual, a animação continua a brilhar, com alguns terrenos novos e familiares para explorar na terceira temporada. O retorno da série à Steamland (Terra das Máquinas, em português) dá aos animadores a chance de mostrar mais da paisagem inspirada no steampunk, repleta de voos dirigíveis e alguns robôs com cabeça de lâmpada.

Essa "expansão territorial" acaba colocando alguns dos melhores personagens da série em segundo plano, como no caso do rei Zog e do demônio Luci, que brilhou na segunda temporada ao ter mais espaço para se destacar com sua ida ao Inferno.

DIVULGAÇÃO/NETFLIX

Bean durante uma "viagem" de ácido

Comparação inevitável

Mesmo com o início promissor, a terceira parte volta a cair no erro de enrolar a narrativa e reposicionar seus personagens em situações que pouco dão andamento à história. Mesmo que o arco de Bean seja atrativo para quem acompanha (Des)encanto desde o primeiro ano, é difícil se esquivar da comparação feita com Os Simpsons.

Com mais de 30 anos no ar, a história de Homer e sua família segue em frente sem muitas mudanças --excluindo, claro, a evolução digital da animação e a troca de dubladores em um mundo mais politicamente correto. Os fãs já estão acostumados com os perfis de cada um dos personagens e suas atitudes quase sempre questionáveis.

O erro inevitável de comparar outras obras de Groening com Os Simpsons foi o que ajudou a abreviar a vida de Futurama (1999-2013), cancelada, resgatada e depois cancelada novamente. Assim como (Des)encanto, a animação também tinha suas qualidades, mas não conseguiu resistir à nota de corte imposta pela "irmã mais velha".

Por mais que Os Simpsons seja a grande referência do gênero, há outras animações adultas que colaboraram com a elevação da nota de corte, como Family Guy, Rick and Morty, BoJack Horseman (2014-2020), Big Mouth e F is For Family --as três últimas elogiadíssimas e também produzidas pela Netflix.

Para tentar sair de vez da sombra de Homer Simpson, (Des)encanto precisa cortar a enrolação e seguir fiel ao seu arco principal do início ao fim de uma possível nova temporada. A opção de produzir dez episódios, sempre com 26 a 30 minutos (ou mais) de duração, pouco tem contribuído para essa evolução e abre espaço para muitas cenas que estão ali apenas para fechar lacunas.

Se depender da ousadia de seu roteiro, a série de Groening ainda pode dar voos mais altos. Em animações, poucos personagens são tão desconstruídos quanto Bean e sua turma, mas em 2021, isso já não é o bastante. Caso entenda esses detalhes, o showrunner Josh Weinstein poderá finalmente dar a guinada para o alto que os fãs aguardam há três anos.

Assista ao trailer da terceira temporada de (Des)encanto:


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