Marcou época
Divulgação/NBC
Os atores Philip Michael Thomas e Don Johnson em cena como detetives na série Miami Vice
JOÃO DA PAZ
Publicado em 24/9/2014 - 17h13
Atualizado em 26/9/2014 - 7h25
A presença de Miami Vice na cultura pop ultrapassou os agitados anos 1980. A série, que estreou no dia 28 de setembro de 1984 nos Estados Unidos, é referência até os dias de hoje entre músicos, cineastas e estilistas. Inovadora, a produção exibida pelo SBT (e até hoje no ar no Brasil, pelo canal pago TCM) trouxe elementos de forte impacto no público e na mídia.
Miami Vice mostrava a a rotina de uma divisão especial da Polícia de Miami, chamada de Vice, que cuida dos chamados crimes morais (apostas, drogas, prostituição). Os protagonistas eram Don Johnson, no papel de James “Sonny” Crockett, e Philip Michael Thomas, como Ricardo “Rico” Tubbs. Eles eram os principais detetives do departamento e ficavam à frente das investigações mais complexas.
Miami Vice tinha como produtor-executivo Michael Mann, um dos cineastas mais respeitados do cinema contemporâneo dos EUA, produtor e diretor de filmes como Colateral (2004), O Informante (1999) e O Aviador (vencedor do Oscar de melhor filme de 2004), além da adaptação para o cinema da própria Miami Vice. Mann levou para a série de TV, em pleno anos 1980, um cuidado que só se via no cinema, como a diversidade de enquadramentos, luz especial e trilha sonora pop.
A série chamou a atenção logo na primeira temporada. Recebeu 15 indicações ao Emmy de 1985, mas esbarrou no conservadorismo da Academia de Televisão à epoca. As indicações (que renderam quatro estatuetas) alavancaram a audiência da produção. Na segunda temporada, foi o nono programa mais visto nos Estados Unidos, um salto de 22 posições em comparação com a estreia.
Miami Vice também ditou moda. Influenciou no modo de se vestir dos homens, graças ao zelo com o figurino dos protagonistas. Os carros também eram uma atração extra, de Ferraris à Mercedes. Até os crimes investigados saíam do padrão apresentado em séries policiais, tocando em temas delicados como pedofília e Aids.
A seguir, confira cinco contribuições de Miami Vice à indústria do entretenimento:
1. Moda: paletós de grife com camiseta
Em entrevista para o programa Today Show em 1986, o ator Philip Michael Thomas afirmou que a moda era 50% de Miami Vice. A série teve muita influência no modo de vestir masculino da segunda metade dos anos 1980. A camiseta por baixo do paletó Armani usada pelo policial Sonny Crockett (Don Johnson, foto acima) virou um hit. Esse estilo ficou conhecido como o visual Miami Vice. Além da Armani, outras marcas abasteciam o figurino do elenco, como Versace e Hugo Boss. Os óculos Ray-Ban também ganharam popularidade. A loja de departamento Macy’s chegou a criar um setor só com peças inspiradas na em Miami Vice.
Crockett era o personagem mais imitado. Até a barba por fazer foi copiada. Uma marca de lâmina de barbear lançou um aparelho que prometia barba por fazer idêntica a do policial. O nome do produto? Miami Device.
2. Música: U2 e Depeche Mode na trilha
O impacto de Miami Vice na cena musical da década de 1980 foi gigantesco. Os produtores das séries chagavam a pagar US$ 10 mil para que uma música de um artista ou banda tocasse em um episódio. Cantores como Phil Collins, Peter Gabriel, Billy Idol e Tina Turner, e bandas como Depeche Mode, Dire Straits, U2 e The Police emplacaram canções de sucesso graças a Miami Vice.
A série lançou três álbuns. O primeiro deles, de 1985, atingiu o topo das paradas de sucesso nos EUA. A faixa de abertura do programa, Miami Vice Theme (vídeo acima), foi lançada como single e também virou número 1 dos EUA.
3. Carros: desfile de Ferraris e Porshes
Os personagens de Miami Vice só dirigiam os carros esportivos mais desejados da época. Sonny Crockett era dono, nas duas primeiras temporadas, de uma Ferrari Daytona Spyder preta, de 1972 (foto acima). Nas temporadas restantes, ele desfilava com uma Ferrari Testarossa. Ricardo Tubbs pilotava um Cadilac Coupe de Ville de 1964.
As perseguições de carro eram um espetáculo à parte. Os detetives não ficavam muito em vantagem por estarem com carros potentes, pois os vilões também estavam bem servidos, dirigindo Chevrolet Camaro, GTO, Lamborghini, Porsche, entre outros.
4. Crimes: investigações envolvendo Aids e pedofilia
A série concentrava as investigações, lideradas por Crockett (foto acima), em crimes envolvendo drogas, prostituição e apostas. Com o passar do tempo, houve muita repetição dos temas. Na terceira temporada, a série recebeu o reforço de Dick Wolf na produção. Wolf é criador da famosa série Law & Order, que estreou em 1990. Em Miami Vice, ele introduziu questões mais contemporâneas e fugiu da mesmice. Assuntos polêmicos como pedofília, homofobia e Aids foram abordados.
Miami Vice também ousou na forma como os crimes eram entrelaçados. Um serial killer escolhia as vítimas em uma empresa que organizava uma rede de namoro por vídeo cassete (um precursor dos sites de relacionamentos). E mesmo quando o tema drogas entrava em cena, Wolf construía uma trama diferenciada, por exemplo, colocando uma tribo indígena por trás do narcotráfico e uma conexão entre um tele-evangelista com um maçon em um esquema de tráfico de entorpecentes.
5. Produção: fotografia e direção de arte de cinema
O produtor-executivo Michael Mann é o responsável por toda a inovação fotográfica de Miami Vice. É considerada a primeira série de TV a tirar proveito das ferramentas de luz e câmera do cinema. A série também caprichou na direção de arte. Detalhes eram observados cuidadosamente. As cores pastéis (sobretons que podem ser claros ou escuros) estavam presentes em todas as cenas e figurino dos atores, tudo para valorizar a paisagem tropical de Miami (foto acima). Cada um dos 111 episódios tinham uma linha de cores predominante.
Todas essas novidades custavam caro. Cada episódio não saía por menos de US$ 1,3 milhão (valor da época).
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