CONFIRA ENTREVISTA
Divulgação/Paramount+
Elenco da série canadense SkyMed; segunda temporada estreou na sexta-feira (12) no Paramount+
Às vésperas de estrear sua 20ª temporada, Grey's Anatomy aperfeiçoou a fórmula do drama que mostra a teia amorosa entre seus médicos enquanto apresenta os pacientes da semana. A série SkyMed pega essa receita de sucesso e a leva às alturas --literalmente, já que os profissionais usam aviões para alcançar lugares inacessíveis do Canadá. A atração, aliás, faz questão de apresentar melhor ao mundo o país tão explorado por produções dos Estados Unidos e, ao mesmo tempo, tão escondido por Hollywood.
Explica-se: para economizar, muitos filmes e séries norte-americanos são rodados no vizinho do norte, mais especificamente na região de Vancouver, que tem paisagens similares às dos Estados Unidos. Arrow (2012-2020), The Flash (2014-2023) e até a clássica MacGyver (1982-1992) são exemplos de produções que usaram as belezas canadenses sem divulgar a cultura local.
SkyMed vira isso do avesso. Desenvolvida pela rede canadense CBC e distribuída globalmente pelo Paramount+, a série foi pensada como uma vitrine do Canadá para o mundo.
Territórios e paisagens que aparecem pouco na televisão mundial ganham vez na atração, que se passa em uma cidade isolada na província de Manitoba, dotada de florestas densas, lagos e a congelante região da tundra.
Alguns personagens também representam os povos indígenas da região e chegam a se comunicar em seus idiomas tradicionais --devidamente legendados para a compreensão do público, é claro.
"Honestamente, eu acho que já passou da hora de nós levarmos o que ocorre no Canadá para o resto do mundo, para que as pessoas conheçam. Acho que o público se acostumou a ver histórias dos Estados Unidos, em uma cidade norte-americana, com valores norte-americanos", desabafa Kheon Clarke, intérprete do enfermeiro Tristan Green, em entrevista ao Notícias da TV.
"Agora, nós atravessamos a fronteira e mostramos o que acontece em algumas áreas rurais, que você só alcança de avião, e com todas essas emergências que ocorrem na série. É legal mostrar para o mundo que o Canadá não é só xarope de bordo e castores (risos)", brinca o ator. "E também damos visibilidade para comunidades indígenas, porque muita gente não conhece nada sobre elas, até mesmo dentro do próprio Canadá".
"É muito importante ter um elenco tão diverso e poder discutir temas que acontecem com algumas comunidades. Acho que o público foi programado a se importar só com histórias sobre advogados em Nova York, esse tipo de coisa. Agora, mostramos o que acontece no interior do Canadá, os perigos das áreas selvagens e esses casos malucos que nós encaramos", continua Clarke.
Thomas Elms, que vive o piloto Milosz Nowak, concorda com o colega. "Acho legal poder valorizar histórias canadenses, com vozes canadenses e que mostram o Canadá de verdade. Porque estamos em um mundo tão dividido atualmente, e o Canadá não é o país perfeito, mas temos um elenco diverso e tentamos unir as pessoas, em vez de afastá-las. Acho que a lição da série é que somos mais fortes quando trabalhamos juntos."
divulgação/paramount+
Thomas Elms e Kheon Clarke em cena de SkyMed
Assim como Grey's Anatomy, SkyMed não esconde a comunidade LGBTQIA+. Tristan e Nowak, aliás, formam um dos casais que se destacam no lado romântico da série. Porém, Thomas Elms admite que se preocupou com a recepção do público quando foi escalado para viver o capitão.
"O feedback dos fãs tem sido incrível, mas foi um pouco assustador no começo. Porque há todo um movimento que defende autenticidade na mídia, ter atores que vivem a mesma situação dos personagens. E, como homem hétero, eu não sabia se essa era uma história que poderia contar", confessa.
"Por outro lado, entendi que também era a minha história. Porque todos amam da mesma maneira, então qualquer pessoa que já gostou de alguém passou pelo que Nowak e Tristan passam. Eu obviamente não quero desrespeitar a vida nem as vivências dos outros, mas acho que todo mundo já se sentiu tão apaixonado que estaria disposto a dar uma parte de si mesmo, porque as grandes histórias de amor geralmente envolvem um sacrifício", filosofa Elms.
Já Clarke conta que recebeu uma mensagem de um fã que é negro e da comunidade LGBTQIA+, mas não conseguia conversar com sua família conservadora sobre sua orientação. "Ao ver meu personagem, ele recebeu um sopro de esperança de que também poderia viver um grande amor, como o de Tristan e Nowak. Fiquei muito feliz ao ler aquilo. Saber que o meu trabalho deu para ele a motivação para se aceitar e buscar um relacionamento na vida real... Isso é muito forte, sabe? Aquela mensagem me emocionou", finaliza.
Com nove episódios inéditos, a segunda temporada de SkyMed foi disponibilizada no Paramount+ na sexta-feira (12). O primeiro ano também pode ser visto na plataforma de streaming. Confira o trailer:
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