GUILLERMO DEL TORO
Fotos: Divulgação/Netflix
Os personagens Aja e Krel tiram selfie em cena de Os 3 Lá Embaixo, nova animação da Netflix
Ganhador do Oscar 2018 por seu trabalho em A Forma da Água, o diretor Guillermo del Toro teve inspirações inusitadas para trabalhar na série infantil Os 3 Lá Embaixo, animação que chega nesta sexta (21) à Netflix. O mexicano bebeu na fonte de Breaking Bad (2008-2013), drama pesado sobre um professor de química que começa a produzir metanfetamina para sustentar a família.
"As séries que me motivaram a fazer TV foram Breaking Bad e The Wire [2002-2008]. Foi com elas que eu vi que o panorama estava mudando, e percebi que queria fazer parte desse movimento", fala Del Toro, que dedicou os primeiros 30 anos da carreira ao cinema e só em 2014 começou a enxergar a televisão como uma possibilidade atraente e empolgante de contar suas histórias.
"Não é mais aquela TV que eu via quando criança, é algo bem diferente. E acho que, quando existe a possibilidade de ver tudo de uma vez, como ocorre na Netflix, você cria uma relação íntima com os personagens, é quase como se os conhecesse de verdade. Eu fiquei de luto com uma morte de Better Caul Saul [série derivada de Breaking Bad, que no Brasil está disponível na plataforma de streaming]."
Em Os 3 Lá Embaixo, o cineasta mexicano utiliza uma história direcionada a crianças para fazer uma crítica bastante adulta: a invisibilidade de alguns grupos sociais.
Três alienígenas, o príncipe Krel (dublado por Diego Luna), a princesa Aja (Tatiana Maslany) e o guarda-costas Vex (Nick Offerman) precisam fugir de seu planeta e se esconder na Terra. Para passarem despercebidos, assumem a identidade de um latino, uma garota e um idoso, respectivamente. "É a solução encontrada pela inteligência artificial da nave deles para que eles jamais chamem a atenção", explica.
Os príncipes Aja e Krel com seus disfarces humanos: garota e latino para ficarem "invisíveis"
Trilogia da Arcadia
Os 3 Lá Embaixo é a segunda série de uma trilogia idealizada por Guillermo del Toro: a primeira parte, Caçadores de Trolls (2016-2018), chegou ao fim em maio. A terceira, Magos, tem lançamento previsto para o ano que vem --embora o mexicano faça questão de ressaltar várias vezes o "previsto".
"Eu sou muito tranquilo, faço as coisas no meu tempo, com calma. Nós ainda nem estreamos Magos e já estamos atrasados com a produção", conta ele, aos risos, em entrevista exclusiva ao Notícias da TV.
Os prazos de entrega não são os únicos limites desafiados por Del Toro durante a produção. Ele também questionou o tempo todo o orçamento estipulado pela Dreamworks Animation, empresa responsável pela atração.
"O Chad [Hammes, produtor] está sempre me dizendo que não podemos fazer isso ou aquilo, porque a verba é limitada, e se fizermos jamais conseguiremos ir até o fim. E eu sempre sugiro que nós façamos algo ainda maior. Nós aproveitamos o orçamento até o último centavo, e aí depois eu peço mais", resume.
Guillermo conta que toda a trilogia surgiu em sua mente de uma vez. "Podem me perguntar qualquer coisa sobre qualquer personagem que eu vou saber responder. Qual é a música favorita, que tipo de roupa ele usa... É claro que depois tem todo o processo de desenvolvimento, do trabalho de animação, mas esse universo surgiu inteiro na minha mente, foi apenas uma questão de colocar no papel", conta ele.
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