Euphoria: Zendaya mostra o fundo do poço de Rue e acende alerta sobre vício

Zendaya teve uma atuação de gala no quinto episódio da segunda temporada de Euphoria, exibido no último domingo (6), na HBO Max. A atriz conseguiu passar com bastante realidade o fundo do poço que Rue, sua personagem, chegou por causa da dependência química e acendeu um alerta importante sobre o acolhimento de pessoas que sofrem com o vício.

O público, comovido com o desempenho impecável da ex-estrela da Disney, pôde ter um pouco de noção do drama até mesmo de quem convive com um dependente químico e acolheu o sofrimento de Rue, de sua mãe, Leslie (Nika Williams), e de sua irmã, Gia (Storm Reid). 

VILÃ DAS HISTÓRIAS

Manuela Dias vira serial killer nos bastidores de Justiça 2: 'Implacável'

AML AMEEN

Demitido de Sense8 há oito anos, ator ganha nova chance em série da Netflix

[Atenção: Contém spoilers do quinto episódio da 2ª temporada de Euphoria]

Em uma sequência de 16 minutos, Rue tem uma discussão bastante violenta com Leslie, Gia e a, namorada Jules (Hunter Schafer), após elas descobrirem a recaída da protagonista e jogarem fora todas as drogas que ela pegou para revender. Desesperada com a dívida com uma traficante e em abstinência, a adolescente passa o episódio inteiro em fuga e em busca de mais drogas.

A comoção do público nas redes sociais e a torcida pela recuperação de Rue escancarou que, na maioria dos casos de dependência química da vida real, principalmente em meio à população de rua, o acolhimento é crucial, mas não acontece da mesma forma.

"O acolhimento é importante, mas tem que ser exigente, com limites. Muitas vezes, o fato de a pessoa não ter limites com relação às pessoas que amam dá a entender o quanto o comportamento dela pode ser danoso", alertou a médica psiquiatra Karen Peixoto, em conversa com o Notícias da TV.

Segundo a especialista, a falta de acolhimento faz com que a sociedade tenha um papel coadjuvante na recuperação de dependentes químicos. "As pessoas não conhecem, principalmente a população de rua, da forma que conheceram a Rue. Ela foi acolhida porque o público viu a pessoa por trás da dependência química."

"Algumas vezes, nem a família consegue ver, porque a família nem se dedicou para a formação da pessoa", completou. Em alguns casos, parentes chegam a expulsar os entes queridos que se envolveram com drogas. "É uma situação bastante difícil. Deveria ter políticas públicas. Temos um projeto legal em São Paulo que se chama Redenção", contou a médica.

Redenção é o nome de um programa da Prefeitura de São Paulo cujo objetivo é acolher dependentes químicos na Cracolândia, região central da cidade, próxima ao bairro da Luz. Um dos serviços do projeto é a Acolhida Terapêutica, com ações integradas de saúde, assistência e reintegração social.

Karen explicou que lidar com pessoas viciadas em drogas é uma questão de saúde pública. "Os dependentes químicos têm alto risco de morte por intoxicação ou síndrome de abstinência e acabam sendo pessoas mais vulneráveis porque atacam as relações humanas. Pode ocorrer um surto psicótico, de agressividade", afirmou ela.

É importante um olhar de empatia da sociedade para pessoas que sofrem com o vício. Mas acima do acolhimento, o indivíduo precisa querer se tratar. "Rue tinha o apoio, mas não conseguiu se tratar porque não quis deixar de ser dependente química", justificou a psiquiatra.

O sexto episódio da segunda temporada de Euphoria irá ao ar neste domingo (13), a partir das 23h, na HBO Max. Todos os outros episódios da série estão disponíveis na plataforma de streaming.

Confira o trailer: