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BENTO VEIGA

Com retinose, ator imergiu no próprio destino para viver Inácio em Pedaço de Mim

MÁRCIO FARIAS/DIVULGAÇÃO

Bento Veiga em foto de divulgação; ele sorri e estende os braços em direção a câmera. Ator usa blusa azul.

Bento Veiga em foto de divulgação; ele viveu Inácio em Pedaço de Mim, melodrama da Netflix

SABRINA CASTRO

sabrina@noticiasdatv.com

Publicado em 23/8/2024 - 18h00

Assim como Inácio, seu personagem em Pedaço de Mim, Bento Veiga convive com baixa visão desde muito cedo. O ator tem retinose pigmentar, condição em que o paciente vai perdendo a visão dia após dia, até ficar completamente cego. No melodrama da Netflix, o intérprete assume o personagem quando esse estágio já foi atingido. Por isso, ele afirma ter imergido numa situação em que já se imaginou. Afinal, como ele próprio sublinha, a condição dele ainda não tem cura. Ainda.

"Essa foi a influência que me trouxe a construção do personagem", diz ele, em entrevista ao Notícias da TV. A retinose pigmentar é um grupo de doenças que causam a degeneração dos fotorreceptores--as células responsáveis pela capacidade de enxergar--, o que leva a uma perda gradual da visão, principalmente da periférica e noturna.

O ator explica que até enxerga "relativamente bem" para quem tem retinose, mas mal para quem não tem nenhuma condição. "Tenho mais facilidade em enxergar em ambientes que estão mais iluminados. Então, à noite ou em ambientes mais escuros, sinto mais dificuldade. Lugares que tenham boa iluminação me ajudam muito", explica. O ator-mirim Vitor Valle viveu Inácio quando o personagem estava no mesmo estágio da doença.

A verossimilhança da situação do DJ não é acaso. Veiga contou parte de sua vivência com a retinose e ajudou roteiristas e produtores a encontrarem um caminho para retratar a história de Inácio. Para além da baixa visão, o ator também tinha um "laboratório" bem próximo no quesito ser cego: o próprio pai.

Ele também tem retinose, mas já perdeu completamente a capacidade de enxergar. O patriarca foi preponderante não só para Veiga construir seu primeiro personagem na vida, mas também na própria convivência com a doença. 

Aliás, fica o spoiler (caso não queira saber, pule os próximos dois parágrafos): o final do personagem na trama passa um pouco por isso. Com Bia (Amanda Spanner) grávida, Inácio passa a se preocupar que o filho herde a retinose --a condição é hereditária. O final fica aberto, e o ator prefere não pensar muito nisso. 

"O Inácio teve um fim ali, no último episódio da temporada. Prefiro não fazer projeções, mesmo porque as não tenho. E vai que exista uma nova temporada e seja completamente diferente do que falei? É delicado. Fiquei feliz com o final dele na trama", declara.

Temas delicados

Por meio do personagem, o artista ainda teve a possibilidade de entrar em contato com outras perspectivas de outros temas delicados. Um exemplo é a superproteção da mãe, Silvia (Palomma Duarte), assunto delicado especialmente para Pessoas com Deficiência (PCDs).

"É natural que as pessoas tenham uma superproteção, que às vezes é por amor. Em alguns momentos, pode se confundir e passar uma mensagem equivocada de um capacitismo velado, que, por amor --ou por falta de senso ou pelo motivo que for--, não são bem-vindas. Sobretudo, pessoas de outras gerações, que têm uma relação diferente com as condições", afirma.

arquivo pessoal

Bento Veiga com Palomma Duarte e João Vitti, mãe e padrasto na trama

Bento Veiga com Palomma Duarte e João Vitti

Ele acredita que as discussões nesse sentindo vem evoluindo por um tempo. "As gerações mais antigas têm um pouco de dificuldade de entendimento e, algumas vezes acabam tentando proteger demais. Aí, vira um cuidado excessivo, que pode parecer uma prisão. A palavra é meio forte, mas é esse o sentimento. Sem o teor pesado e duro de uma prisão, entende?"

Para ele, lidar com esse e tantos outros temas foram uma possibilidade de ele se expressar artisticamente. Não é uma novidade para Veiga, que trabalha com música há anos. Mas poder concretizar o fascínio antigo de atuar é definido por ele como "uma das experiências mais incríveis da minha vida artística". 

Porém, afinal, o que ele fez foi uma série ou uma novela? Ele prefere seguir a classificação "melodrama", citada pela própria Netflix."Para mim, ela mistura o melhor das séries com o melhor das novelas. É ágil, curta, são 17 episódios, alguns plot twists [viradas no roteiro, em inglês], um drama forte e elaborado, assuntos e sentimentos universais e personagens que orbitam a história central, mas com suas próprias tramas", diz.

A trama segue a história de Liana (Juliana Paes), tia de Inácio --a mãe dele, Silvia, é irmã de Tomás (Vladimir Brichta), marido de Liana. A família vivia em paz, até que a protagonista descobre uma traição do marido e decide espairecer num bar com a amiga, Débora (Martha Nowill). Lá, ela reencontra Oscar (Felipe Abib), que a estupra.

Pouco tempo depois, ela se descobre grávida. Mas não é uma gravidez qualquer: dois óvulos foram fecundados, cada um deles pelo espermatozoide de um pai diferente. É a chamada superfecundação heteroparental. Ou seja: ela está grávida de gêmeos, mas de pai diferentes. A partir daí, a vida inteira dela muda.


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