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NO PARAMOUNT+

Com cenas de sexo gay, Companheiros de Viagem dá visibilidade a atores LGBTQIA+

Divulgação/Paramount+

Jonathan Bailey apoia sua cabeça no peitoral de Matt Bomer em cena de Companheiros de Viagem; os dois estão sem camisa e deitados na cama

Jonathan Bailey e Matt Bomer são os protagonistas da minissérie Companheiros de Viagem

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 29/10/2023 - 8h20

Estreia deste fim de semana no Paramount+, Companheiros de Viagem tem tudo para ser um dos lançamentos mais eróticos do ano. Apenas no primeiro episódio, há nu frontal, sexo anal e oral, masturbação (com direito a ingestão do esperma resultante) e uma cena de podolatria que deixará os fetichistas de queixo caído. Poderia ser uma produção pornográfica, mas é uma história de um romance proibido (e, na época, criminoso), adaptada com extrema sutileza pelo roteirista Ron Nyswaner, indicado ao Oscar pelo clássico Filadélfia (1993).

O elenco é formado por atores assumidamente LGBTQIA+, a começar pelos protagonistas Matt Bomer (de White Collar) e Jonathan Bailey (de Bridgerton), mas passando por Jelani Aladdin e Noah J. Ricketts (ambos com carreira na Broadway) e Erin Neufer --todos interpretam personagens da comunidade a que pertencem na vida real. Uma feliz coincidência, segundo Nyswaner.

"Era importante para a equipe ter integrantes da comunidade no elenco, mas não era uma regra. Nós não falamos para os agentes: 'Só nos mandem seus atores LGBTQIA+'. Acho que nem podemos legalmente perguntar isso, ou não deveríamos. Mas demos a sorte de encontrar os atores certos para cada personagem, e eles calharam de ser LGBTQIA+ também", conta o roteirista em conversa exclusiva com o Notícias da TV.

"E foi tão empolgante visitar o estúdio para acompanhar uma gravação e ver esses artistas entregando tudo em suas atuações. Eu realmente não me importo com quem eles dormem ou deixam de dormir quando são tão talentosos (risos). O talento é o que importa, no fim das contas."

Companheiros de Viagem é uma jornada através das décadas de 1950 a 1980 por meio do relacionamento proibido entre Hawk Fuller (Bomer) e Tim Laughlin (Bailey), ambos buscando seu espaço no submundo sujo da política em Washington. No auge do macartismo, que perseguiu os homossexuais com a mesma fúria com que caçava comunistas, os dois se encontram às escondidas em momentos que misturam luxúria e paixão.

A Guerra do Vietnã (1955-1975), o apogeu da discoteca (e do uso intenso de drogas) e a crise da Aids entre os homossexuais também pontuam a trajetória dos protagonistas, com erros do passado atormentando Hawk a cada minuto --enquanto Tim busca apenas um lugar para ser aceito, seu parceiro vive em meio a intrigas, ego e chantagens. Um personagem que, nas mãos erradas, poderia prestar um desserviço à comunidade.

"Quando eu escrevo, minha preocupação não é se o personagem é simpático, mas sim se ele é interessante. Hawk não é um cara legal, mas o público ama tudo a seu respeito. A maneira como ele se veste, sua astúcia, sua confiança em si mesmo, seu jeito de sobreviver. E ele tem um dilema intrigante, algo que ele fez de errado no passado e que agora precisa consertar", define Nyswaner.

Minha regra, em todas as produções em que já trabalhei, é pegar o ponto de vista de cada personagem e respeitá-lo até o fim. Você não reescreve nada por medo de que o público fique desconfortável --talvez essa seja a sugestão dos executivos--, você insiste naquilo. Porque a arte tem a função de causar desconforto. Se você quer algo confortável, vá tomar sorvete!

O roteirista reconhece, no entanto, que uma produção como Companheiros de Viagem jamais sairia do papel na época de Filadélfia, e encara de maneira positiva a evolução das narrativas LGBTQIA+ nas últimas três décadas.

"O mundo mudou, com certeza. Mesmo em uma época de retaliação política como a que vivemos agora, seria injusto e muito errado dizer que nada mudou. Quando eu era jovem, jamais imaginei que teríamos a legalização do casamento gay. Para ser bem sincero, nos anos 1970 isso nem era uma preocupação, só queríamos transar com todo mundo (risos)", exagera ele.

"Mas uma coisa não mudou, que é a nossa necessidade de contar e ouvir histórias atraentes, sobre pessoas interessantes em situações de alto risco. Isso estava em Filadélfia no passado e está agora em Companheiros de Viagem. Você se interessa por esses personagens e pelo que eles farão de sua vida, em um momento no qual serem quem são é muito perigoso."

O primeiro episódio de Companheiros de Viagem já está disponível no Paramount+, com um novo capítulo disponibilizado todo sábado no catálogo do streaming. Confira o trailer (sem legendas) da minissérie:


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