CRÍTICA
DIVULGAÇÃO/APPLE TV+
Chris O'Dowd em cena de A Máquina do Destino; série do Apple TV+ mistura filosofia e bom humor
Quão mais fácil seria a vida se a descoberta de seu verdadeiro propósito estivesse nas mãos de uma máquina? Isso poderia ser motivo o suficiente para romper relacionamentos e bagunçar certezas. Nesta quarta-feira (26), estreia no Apple TV+ A Máquina do Destino, série com leve toque de ficção científica que tem potencial para causar fortes reflexões no público.
A trama segue Dusty (Chris O'Dowd), um professor de História que está no auge da meia-idade. Morador da cidade interiorana de Deerfield, ele adora seu trabalho, tem um relacionamento saudável com Cass (Gabrielle Dennis), e uma boa relação com a filha, Trina (Djouliet Amara).
Na mercearia do município, porém, uma tecnologia muda tudo e abala estruturas. A máquina Morpho é a mais nova aquisição da cidade. Por apenas US$ 2, o tal aparelho revela qual é o seu verdadeiro propósito de vida. Para Dusty, tudo não passa de uma bobagem, até que todos --incluindo sua mulher e sua filha-- tiram um cartão da máquina e começam a querer basear suas vidas no caminho proposto pela tecnologia.
A Morpho vira uma impulsionadora de desejos na vida dos moradores de Deerfield. Tentações sexuais são expostas, divórcios começam a acontecer, pessoas passam a trocar de profissão. Cada mudança gera uma consequência inusitada e diferente, não tão óbvias a princípio, mas que são construídas com drama e um toque de humor bastante inteligente.
A Máquina do Destino é mais uma prova de que o Apple TV+ tem sido certeiro em suas produções. A série tem tudo para se tornar mais uma joia do catálogo e se juntar a outras genialidades premiadas que foram produzidas pelo streaming, como Ted Lasso e Ruptura.
Não que as séries se pareçam em termos de enredo de alguma forma, mas sim porque a produção traz uma ideia simples, bem construída, coroada por atuações e conexões brilhantes, que elevam seu patamar.
A princípio, A Máquina do Destino pode parecer uma história de ficção científica, mas pouco importa de onde saiu a tal da Morpho: a grande sacada são as discussões existenciais que se formam pouco a pouco em cada um dos personagens.
Uma pequena palavra escrita em um cartão gera propósito, rompe laços e abre espaço para mudanças internas que nunca passaram pela cabeça dos moradores daquela cidadezinha pacata. Enquanto cada cidadão responde de uma maneira diferente ao propósito sugerido, Dusty e Cass são o pano de fundo de todas as discussões.
Enquanto ele recebe um cartão que se encaixa perfeitamente com sua vida acomodada, Cass se vê inquieta com seus sonhos frustrados. O vaivém emocional que a pulsante dúvida causa é motivo para articulações, discussões e descobertas que podem gerar forte identificação no público.
O carisma de Chris O'Dowd merece elogios à parte. Provocativa, mas ao mesmo tempo charmosa, A Máquina do Destino poderia facilmente bater de frente com The Good Place (2016-2020), fenômeno na Netflix que também evocava reflexões existenciais das boas.
Os três primeiros episódios de A Máquina do Destino estão disponíveis no Apple TV+, e os demais serão lançados no catálogo todas às quartas-feiras. Confira o trailer:
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