UNIDADE BÁSICA
Divulgação/Universal
O ator Caco Ciocler em cena como o protagonista da série Unidade Básica, do Universal
FERNANDA LOPES
Publicado em 11/9/2016 - 8h53
Um médico mal-humorado, sarcástico, que prega peças em seus colegas de trabalho e esbraveja com seus pacientes. A descrição lembra o protagonista de House, série de maior sucesso da história do canal Universal, que chegou ao fim em 2012. Mas se trata do personagem principal de Unidade Básica, primeira série nacional do canal pago, que estreia neste domingo (11). As semelhanças não são mera coincidência: o ator Caco Ciocler, que interpreta o médico Paulo na produção brasileira, revela que sua maior inspiração foi o personagem de Hugh Laurie. E os executivos do Universal nunca esconderam que sonhavam ter uma House brasileira.
"Não posso deixar de confessar que House foi uma grande influência. Vi a série inteira durante as gravações, não conhecia. Fiquei apaixonado por ele. Paulo tem um pouco disso, um cara que você demora para torcer, acha meio estranho. Eles são muito parecidos, acho que Paulo não mede esforços para conseguir o que precisa. A gente teve uma preocupação de ele não ser um santo, um herói que no final resolve tudo. Seria muito chato se a discussão fosse entre um herói e uma anti-heroína", explica.
A anti-heroína à qual ele se refere é a médica Laura, personagem de Ana Petta, outra protagonista da trama. Em oito episódios, a série gira em torno da rotina de médicos de uma unidade básica de saúde na periferia de São Paulo. Trata-se de uma iniciativa de saúde pública que oferece, em um posto médico, consultas, coleta de exames e atendimento primário para comunidades.
A premissa da série é criar um contraste entre o médico de família que se importa com o bem-estar de seus pacientes excessivamente (personagem de Ciocler) e a médica (Ana) que não conhece a realidade das regiões mais pobres da cidade e tem dificuldade para implementar ali as lições que aprendeu na faculdade. Os dois batem de frente, em conflitos mediados pela gerente da unidade básica (Carlota Joaquina), o agente comunitário (Vinícius de Oliveira) e a estagiária (Bianca Müller).
Divulgação/universal
A médica Laura, interpretada pela atriz Ana Petta na série Unidade Básica, do canal Universal
O próprio Ciocler tem uma irmã que trabalha em uma UBS, mas não sabia disso até começar a trabalhar nesse projeto. "Minha irmã fez medicina e farmácia, nunca entendi o que ela faz. Está sempre em algum lugar que eu não sei onde é. Eu sabia que ela trabalhava numa comunidade, na periferia de São Paulo, mas não tinha ligado o nome à pessoa", admite. Tanto ele quanto os outros atores fizeram laboratório em uma unidade básica real (nenhum deles conhecia o trabalho previamente) e assistiram séries médicas americanas, como Grey's Anatomy, Plantão Médico e House.
"A gente viu todas essas séries para entender: 'Ok, o que é a nossa?'. Vamos compreender a partir dos roteiros, dos personagens. Sim, somos fãs dessas séries, mas a ciência com a qual a gente está lidando [em Unidade Básica] é uma ciência humana. Enquanto em algumas séries a gente entra no organismo da pessoa, aqui a gente tem que ver a emoção dela", justifica a diretora Caroline Fioratti.
Mesmo assim, Caco Ciocler deixa escapar mais uma semelhança entre seu personagem e House. Enquanto o americano era viciado em um remédio analgésico, o brasileiro parece ter problemas com alcoolismo. "No fim da temporada, a gente começa a entrar em questões pessoais dele, e houve cenas mais difíceis [de fazer]. Ele passa a série toda cuidando de doenças e lidando com o emocional das pessoas, e no final você vê que ele é desequilibrado emocionalmente e que também tem uma doença", diz o ator.
Divulgação/Universal
O médico Paulo (Caco Ciocler) medeia discussão de pacientes em cena de Unidade Básica
Série social
Além dos dramas entre os funcionários do local, a série retrata, em cada episódio, casos médicos baseados em histórias reais, que foram apresentados por médicos que colaboraram com o roteiro _entre eles Helena Petta, irmã de Ana e uma das criadoras da série. No entanto, nada de doenças raras que demandam investigações complexas: os temas abordados são bem conhecidos, como diabetes e HIV. "Em geral, as séries médicas tratam dos ambientes hospitalares, das emergências, e a gente fala da atenção primária, que talvez seja uma das coisas mais importantes no país", acredita.
Os criadores e diretores reconhecem que essa é também uma grande dificuldade na teledramaturgia. "É claro que a questão de classe é complementar, a gente tentou tomar bastante cuidado para não ficar uma série social, no sentido de se falar só de pobre, ou de classe média ajudando pobre. A gente não gosta disso, a gente acha meio chato", confessa Newton Cannito, roteirista e criador da trama.
Com uma análise superficial de doenças comuns e promessa de personagens mais profundos do que aparentam, Unidade Básica quer usar referências de séries médicas americanas e provocar emoção para conquistar o telespectador.
"Quando a gente consegue realizar algo nacional que dialoga com o formato americano, que considero universal, eu tenho certeza de que a repercussão é até maior", considera Canitto. "Eu acho que uma coisa forte da nossa série é a identificação. Você consegue identificar sua avó, seu tio, seu pai na série. Isso é a nossa aposta", crava a diretora Caroline Fioratti. Unidade Básica será exibida aos domingos, às 22h.
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