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BIANCA BYINGTON

Atriz mergulha na dor de mãe injustiçada em série sobre boate Kiss: 'Quase morri'

GUILHERME LEPORACE/NETFLIX

Em cena da série Todo Dia a Mesma Noite, Bianca Byington segura a foto do filho que morreu no incêndio da boate Kiss

Bianca Byington é mãe de uma das vítimas da boate Kiss em série sobre a tragédia na Netflix

CARLA BITTENCOURT, colunista

carla@noticiasdatv.com

Publicado em 22/1/2023 - 8h45

Com 45 anos de carreira, Bianca Byington acabou de fazer um dos trabalhos mais difíceis de sua trajetória: gravar Todo Dia a Mesma Noite, nova série brasileira da Netflix sobre o incêndio que matou 242 pessoas na boate Kiss, em 2013. A atriz, que fez sua estreia na profissão aos 11 anos, dá vida a Meire, mãe de uma das vítimas da tragédia em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, no projeto que estreia no dia 25.

"Essa série é, certamente, das coisas mais tristes que já fiz na vida. Além da tragédia em si, que é algo sobrenatural de horrível, ainda tem a continuação com todos os desdobramentos terríveis: constatação das injustiças, a corrupção, o desleixo das pessoas... Aquilo vai se somando, né?", explica Bianca Byington, que interpreta a mãe de Felipinho (Miguel Roncato), ao Notícias da TV.

Todo Dia a Mesma Noite é uma minissérie de ficção inspirada na história real da tragédia. A trama mostra as circunstâncias que levaram ao incêndio até o início da incansável luta por justiça travada pelas famílias das vítimas, que segue até hoje --10 anos depois.

Meire, a personagem de Bianca, se junta a outros pais em busca da verdade sobre o acontecido e dos culpados pela negligência que levou ao incêndio. No local, uma banda fazia show com artefatos pirotécnicos que, em contato com o isolamento acústico da boate, provocaram o incêndio.

O estabelecimento não tinha saídas de emergência suficientes, nem ventilação ou brigada de incêndio. A fumaça tóxica e a confusão para a saída do lugar fizeram com que 242 jovens morressem e 636 ficassem feridos.

No decorrer da série, Meire e outros pais são processados por quem deveria zelar pela justiça do caso. Isso acontece porque eles denunciam que o Ministério Público sabia que os bombeiros, a prefeitura e até um promotor tinham conhecimento que a boate funcionava de forma irregular. Além do luto pela perda dos filhos, eles se veem brigando ainda nos tribunais como réus em uma situação extremamente revoltante.

É uma coisa meio delirante de falta de paz. Essas pessoas não conseguem ter paz, nada ajuda eles a curarem essa ferida. Esse projeto me pegou pós pandemia, pós morte do meu pai e eu não estava bem de saúde. Entrei muito sem energia, eu já estava muito fragilizada quando comecei. Normalmente, eu  tenho muita defesa, não sou do tipo de atriz que entra e perde os limites da vida. Mas esse trabalho foi quase impossível a separação.

Apesar de ser uma série baseada em fatos reais, os personagens são ficcionais e não existiu uma Meire exatamente. Bianca avisa que, assim como ela, outros personagens foram misturados e que preferiu não ter contato com nenhuma mãe de vítima para se inspirar.

"Não era o caso de ter, mas também não era uma vontade porque esses personagens são, obviamente, inspirados em determinadas pessoas específicas. Mas eles foram também muito misturados: pegou um daqui, botou para lá, mudou a idade de um, não sei o quê... Então, a gente não tinha esse compromisso de representar fielmente aquela pessoa. Acho que foi libertador, já que era uma responsabilidade tão grande botar a mão nessa ferida", diz.

Todo Dia a Mesma Noite

A minissérie, dirigida por Julia Rezende, revela em 5 episódios, os bastidores dessa que foi uma das maiores tragédias do país. Os familiares indo em busca de notícias e as sequências dos corpos em sacos pretos no ginásio municipal de Santa Maria são de fazer qualquer um se emocionar.

"No dia que a gente filmou toda aquela chegada no galpão onde os corpos estavam sendo levados foi pesado demais. Aquela coisa gigante ali... Aquilo foi montado, né? Tinha uma realidade naquilo, os jovens figurantes foram super maquiados, e eles eram carregados. A gente passou um dia inteiro, desde, sei lá, seis horas da manhã vendo aquilo. Olha, eu quase morri. Não tem como... Você fica muito dentro. É muito, muito, muito pesado", conta.

Além dela, Debora Lamm, Thelmo Fernandes, Paulo Gorgulho, Leonardo Medeiros, Raquel Karro e Bel Kowarick interpretam personagens cujas vidas foram destroçadas pela perda dos filhos.

Já Erom Cordeiro e Laila Zaid dão vida aos policiais responsáveis por investigar o caso, e Flávio Bauraqui é o advogado das famílias. Paola Antonini, Nicolas Vargas, Manu Morelli, Luan Vieira e Sandro Aliprandini interpretam jovens vítimas da tragédia -- além de Miguel Roncato.


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