LAILA GARIN
Fotos: Pedro Saad/Netflix
Laila Garin entra para o elenco de 3% como a militarista Marcela, capaz de qualquer coisa pela ordem
LUCIANO GUARALDO
Publicado em 1/5/2018 - 7h06
Para viver a grande vilã da segunda temporada de 3%, a atriz Laila Garin procurou referências que poucos artistas se atreveriam a buscar: ela assistiu a discursos do líder alemão Adolf Hitler (1889-1945), aos filmes da cineasta Leni Riefenstahl (1902-2003) e ao longa hollywoodiano O Ovo da Serpente (1977), todos relacionados ao nazismo.
A ideia da baiana era compreender a essência de Marcela, comandante do exército do Maralto que se impõe sobre seus soldados por meio da pressão psicológica e da violência, mas ainda assim arrebata seguidores. "Eu queria entender essa coisa da liderança", justifica. "E tinha uma coisa de vilão de desenho animado também, que foi um pedido do [diretor] Philippe Barcinski, para ter humor."
O papel é diferente de tudo o que a atriz de 40 anos já fez na carreira, que inclui papéis de destaque em Babilônia (2015) e Rock Story (2016), além da cantora Elis Regina (1945-1982) no espetáculo Elis - A Musical (2013). "Eu nunca tinha feito uma vilã assim. É um desafio buscar o carisma dessa vilania", confessa.
E Marcela não é uma vilã de poucas maldades, não. Para manter a ordem e seus privilégios no sistema, ela é capaz até de matar. "Eu não tinha lido todos os roteiros, não sabia dessa potência toda dela. Sempre soube que ela era militarista e sanguinária, mas não sabia até que ponto. É uma sede de poder muito grande."
Sem nada em comum com a personagem, Laila precisou pegar no batente para transformar seu corpo no de alguém que trabalha como militar. Ela fez aulas de tiro, boxe, tai chi chuan e kung fu, além de treinamento com bastão. Mas confessa que o mais trabalhoso do processo foi conter as emoções no estúdio.
"Eu sou uma atriz dramática, trágica, adoro sofrer. Estava fazendo a peça Gota D'Água [de Chico Buarque e Paulo Pontes, inspirada na tragédia grega Medeia], imagina interpretar uma mulher que esconde tudo o que sente? E, ao mesmo tempo, não queria fazer um robô frio, que não tem nada dentro. Trabalhei muito as emoções internas, algo que ela só transparece no canto do olho", discursa.
Laila Garin em cena da série em que aparece utilizando um bastão: treinamento intensivo
Novata, como boa parte dos brasileiros, no universo da ficção científica, Laila não buscou nenhuma referência do gênero _ao contrário de seus colegas, que viram outros filmes sobre futuros distópicos, como Jogos Vorazes (2012).
"Eu acho que, mesmo em um mundo completamente fictício, você tem que buscar algo verdadeiro e parecido, para que aquilo tenha algum valor. Eu nunca tive um exército sob meu comando, claro. Mas busquei algo equivalente, como ter uma pessoa que se espelha eu mim. Foi a maneira que encontrei."
Ao contrário de nomes como Maria Flor e Fernanda Vasconcellos, cujas participações se resumem a dois episódios, Laila Garin marca presença em toda a temporada de 3%. E ela conta que se empolgou com a possibilidade de entrar em um projeto que já tinha repercussão em todo o mundo _de acordo com a Netflix.
"Achei ótimo pegar a série andando já ciente da resposta inicial do público. E eu vi que toda a equipe estava interessada em melhorar e evoluir, e não com medo de manter o sucesso da primeira temporada."
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