Menu
Pesquisar

Buscar

Facebook
Threads
BlueSky
Instagram
Youtube
TikTok

Duelo

Gomorra ou Suburra: Qual é a melhor série italiana sobre a máfia?

Montagem/Divulgação/Sky Italia/Netflix

Os atores Marco D'Amore em Gomorra (à esq.) e Alessandro Borghi no drama Suburra: Sangue em Roma - Montagem/Divulgação/Sky Italia/Netflix

Os atores Marco D'Amore em Gomorra (à esq.) e Alessandro Borghi no drama Suburra: Sangue em Roma

JOÃO DA PAZ

Publicado em 1/5/2018 - 6h38

O fã de produções sobre a máfia, como o filme O Poderoso Chefão (1972) e a série Sopranos (1999-2007), tem a seu alcance duas atrações italianas genuínas. O canal Max exibe toda terça a terceira temporada de Gomorra, trama que explora as ruas sujas de Nápoles. Na Netflix, está disponível a primeira temporada de Suburra: Sangue em Roma, sobre as ligações escusas entre o crime, igreja e política. Qual é a melhor?

De forma geral, Gomorra é recomendada para quem suporta uma violência mais extrema, enquanto Suburra agrada ao admirador de uma trama mais elaborada. "O telespectador de Gomorra vê algo mais cru e pesado", opina o jornalista Paulo Gustavo Pereira, autor do livro Almanaque dos Seriados. "Nenhum dos personagens é bonito e eles não medem esforços para serem cruéis e mostrarem a que vieram."

Por sua vez, Suburra se dedica a uma narrativa ampla. Para a roteirista Suzana Pires (coautora da novela Sol Nascente, da Globo), uma das particularidades da série da Netflix é misturar a "máfia e tradições latinas com assuntos mais globais [abordados na trama], como corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas".

Outro ponto forte de Suburra é entrar de maneira diferente em um mundo já visto em outras produções mafiosas: o da religião. "Em O Poderoso Chefão, há uma tentativa de lavar dinheiro com investimentos no Vaticano [sede da Igreja Católica]. Mas em Suburra, há um ineditismo e atualização ao apresentar um protagonista dentro do Vaticano e mostrar a corrupção entre padres, políticos e mafiosos", destaca Suzana.

Pereira faz um paralelo interessante ao comentar a politicagem e os esquemas da série da Netflix. "Se a gente fosse fazer uma comparação, Suburra seria a versão italiana de O Mecanismo."

divulgação/Sky Italia

Marco D'Amore (no chão), Salvatore Esposito e a paisagem crua e suja de Gomorra ao fundo

Canastrice não é problema
Se há um ponto negativo em Gomorra, é a atuação do elenco. Mas isso contribui para a veracidade da trama. "Trazer atores desconhecidos e amadores passa que [os personagens] são reais e assustadores", ressalta o jornalista. "Você acredita que essas caras existem e dá medo imaginar cruzar com algum deles na rua."

O que contribui ao realismo da série do canal Max é "sua fotografia dura, como se fosse um documentário sobre uma guerra recente", reforça Pereira. E é assim de fato, com as ruas imundas e apartamentos paupérrimos da periferia de Nápoles.

Em Suburra, a qualidade duvidosa dos atores é maquiada por personagens bem construídos, cativantes. Suzana pontua situações que merecem destaque. "Gostei muito da história entre o gângster Aureliano Adami [Alessandro Borghi] e a prostituta Isabelle [Lorena Cesarini]. É o amor nu e não romantizado, muito contemporâneo."

Há também o homossexual Alberto "Spadino" Anacleti (Giacomo Ferrara). De acordo com Suzana, ele insere um contexto feminista na trama, pois não aceita ser um homem desumano, forçado a tirar a virgindade de uma menina. "É comovente vê-lo sofrer por não se encaixar naquele padrão masculino moldado [da máfia]", aponta.

Divulgação/Netflix

Giacomo Ferrara interpreta um dos personagens mais profundos de Gomorra: mafioso e gay

Afinal, uma é melhor do que a outra?
Cravar que Gomorra é melhor do que Suburra ou vice-versa depende do gosto pessoal. A primeira é mais criminosa e impiedosa; a segunda foca mais na trama. Fato é que as duas atrações italianas se distanciam da máfia sob o ponto de vista de norte-americanos, histórias muito mais comuns na TV e no cinema.

"As produções italianas sabem lidar com uma versão próxima da realidade, mais do que as referências norte-americanas", afirma Paulo Gustavo. Para o jornalista, a diferença de Suburra e Gomorra para as produções hollywoodianas está "no estilo de fazer a série, com uma narrativa sem glamour, que mostra que o crime organizado está ao seu lado e pode ser um pesadelo na sua vida".


ONDE ASSISTIR:

Gomorra, novos episódios toda terça, no canal Max, sempre às 22h (as duas temporadas anteriores estão na plataforma HBO Go).

Suburra: Sangue em Roma, primeira temporada disponível na Netflix.

Mais lidas


Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.