'Zé Mayer' atual, Cauã Reymond é razão de ser de nova série da Globo

Cauã Reymond está de volta e trouxe consigo toda a beleza e sex appeal que servem de chamarizes para audiência. Pouco tempo depois de dar vida ao sedutor Leandro Dantas, de Amores Roubados, o ator interpreta agora o protagonista da série O Caçador. André é um ex-policial que, após ser preso injustamente, torna-se um caçador de recompensas. A série é, sobretudo, dele, mas não é só dele.

O texto da nova produção da Globo é assinado por uma dupla que já acumula experiência no gênero policial: Marçal Aquino e Fernando Bonassi, de Força Tarefa (2011). O time é completado ainda por José Alvarenga Jr., que atua também como diretor, junto com Heitor Dhalia, de Serra Pelada.

A estética cinematográfica é perceptível nas muitas locações que servem de cenário _até mesmo a cenografia foge do padrão das telenovelas, um ponto para a série_ e também em momentos introspectivos, em que os diálogos dão lugar ao silêncio e à reflexão, coisa rara na televisão. Há tomadas mais ousadas, ágeis, com uma câmera nervosa a acompanhar as perseguições, ainda que isso seja um clichê do gênero.

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Assim como em Amores Roubados, o sexo também está presente em O Caçador, mas a série não se limita a isso. A história é aprofundada, com destaque para as conflituosas relações familiares do protagonista: André e o irmão Alexandre (Alejandro Claveaux) não se dão muito bem e, para completar, o ex prisioneiro tem um caso com a cunhada Katia (Cleo Pires). Isso tudo traz profundidade e riqueza ao personagem.

Logo no primeiro bloco fica evidente que André foi traído pelo pai, o também policial Saulo (Jackson Antunes). À beira da morte, ele pede ao filho “seis meses de vida” na cadeia por conta da armação em que ele meteu a própria cria. Sua morte azeda mais ainda a relação de André com o irmão e a prisão o distancia da família.

Peça importante no jogo, Katia é uma mulher emocionalmente instável e nutre por André uma paixão desde os tempos da adolescência. Após ser solto, ela aproxima-se dele novamente, complicando a relação entre os irmãos.

Vítima de uma armadilha que o colocou atrás das grades, André tem em Marinalva (Nanda Costa) a chance de provar que é inocente. Embora não tenha surgido no primeiro episódio, sabe-se que Marinalva é garota de programa, mas a jovem converte-se evangélica e é a única capaz de inocentar André, uma vez que seu pai fora o responsável por sua prisão.

Em relação ao elenco, Ailton Graça é um dos destaques na pele do policial Lopes, ex-parceiro de André. Longe do tipo malandro ou sujeito boa praça a que o público está habituado a vê-lo, Graça compôs um Capitão Nascimento da televisão. Sujeito íntegro, compenetrado e enérgico, Lopes é único que ajuda André após a saída da cadeia.

Mas é mesmo Cauã Reymond quem abrilhanta a produção. Espécie de Zé Mayer da nova geração, Cauã prova com O Caçador que, além de bonito, é um ator versátil e dedicado. Esqueça, portanto, o personagem da minissérie anterior. Este é bem melhor.

O Caçador trafega entre a tensão e o suspense, com direção competente e texto idem que capturam a atenção do telespectador. No comparativo com A Teia, outra série policial da emissora, O Caçador larga em vantagem e vale a audiência.

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