Crítica + Audiência
Reprodução/TV Globo
Vanessa Giácomo e Marjorie Estiano em cena do primeiro capítulo de Império, novela das 21h da Globo
[Atualizado às 14h59 de 22/7/2014]
Conhecido por criar tramas e tipos bastante populares, Aguinaldo Silva voltou ao ar hoje com uma novela aparentemente distante do seu estilo conhecido, apesar de ter trazido elementos recorrentes de outras tramas suas. O primeiro ponto a se notar é que a troca de direção (antes Wolf Maya, agora Rogério Gomes) foi benéfica ao texto do autor, que parece mais maduro e movimentado do que o habitual.
Para não cair na armadilha da primeira fase _que tanta confusão causou em Em Família_, o autor construiu a narrativa do primeiro capítulo de Império com a cena inicial no presente e, em seguida, transportou o telespectador para os anos 1980. Tratou de ser didático para localizar e não confundir o público, pouco a pouco apresentou os personagens e soube utilizar o ótimo elenco que tinha à disposição.
E se na trama anterior de Manoel Carlos faltavam vilões, desta vez Silva não quis saber de miséria de maldades. A vilã Cora (Marjorie Estiano) já deu provas de que irá mobilizar as atenções da novela. Quando Drica Moraes assumir o papel, tem grandes chances de entrar para o rol de malvadas icônicas da televisão.
Beata fervorosa, uma reedição da lendária Perpétua (Joana Fomm), de Tieta (1990), também de autoria de Aguinaldo Silva, Cora usa a religião como força repressora e controla todos a seu redor. Foi capaz de fazer a cabeça da própria irmã para desistir de fugir com o cunhado, o jovem José Alfredo (Chay Suede/Alexandre Nero). Na segunda fase, será a pedra no sapato da sobrinha Cristina (Leandra Leal), a mocinha da vez.
José Alfredo é o protagonista da história e também faz as vezes de anti-herói. Ele constrói fortuna com a ajuda de Sebastião (Reginaldo Faria), que, ao morrer, o instrui a comercializar os diamantes. O sangue rosa de Sebastião, aliás, foi um deslize feio para um primeiro capítulo.
Com relação a Sebastião, cabe um questionamento que poderá ainda ser explicado: o que um sujeito com dinheiro para alugar um helicóptero e subir o Monte Roraima estava fazendo numa rodoviária? Liberdades que só a ficção permite? A ver.
Alexandre Nero está seguro no papel protagonista, mas causa um contraste grande quando comparado ao intérprete jovem do seu personagem. Ainda que seja só uma participação na primeira fase, Chay Suede (José Alfredo) foi o senão da estreia e pareceu cru, em especial quando contracenou com medalhões da TV, como Reginaldo Faria e Regina Duarte (Maria Joaquina). O visual de Maria Joaquina, guardado às devidas proporções, fez lembrar sua Porcina de Roque Santeiro (1985).
O primeiro capítulo de Império não teve pirotecnia, nem aquele festival de imagens impactantes. Aguinaldo Silva tentou seduzir o público contando uma história envolvente, mas que por alguns momentos pareceu um tanto cansativa _poderia ter sido um pouco mais ágil na condução dos rumos da primeira fase.
Com a árdua tarefa de recuperar os índices de audiência que desapareceram com Em Família, Silva tem um difícil rojão em mãos. Como o autor gosta de vangloriar que suas novelas são sempre sucesso de audiência, a expectativa é ainda maior. Mas que ele consiga prender o telespectador contando uma boa história. A audiência, assim, vem a reboque.
Audiência
Império teve a pior estreia de uma novela das 21h: 32,1 pontos na Grande São Paulo, segundo dados consolidados do Ibope. Ficou abaixo do primeiro capítulo de Em Família (33,2). No confronto, o SBT marcou 7,4 pontos e a Record, 5,8.
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