Bastidores do sexo
Divulgação
O humorista Maurício Meirelles, repórter do CQC, em seu espetáculo de stand-up comedy
PAULO PACHECO
Publicado em 15/7/2014 - 19h21
Atualizado em 21/7/2014 - 5h39
Repórter do CQC, o humorista Maurício Meirelles se associou à produtora de filmes eróticos Brasileirinhas e está à frente de um documentário e de um longa-metragem pornô com título sugestivo: Arrombando a Porta dos Fundos, em referência ao grupo de humor na internet de Fábio Porchat, com previsão de lançamento para 24 de agosto. Na ficção, além de sacanear Porchat, Meirelles provoca a atual safra da comédia no cinema.
"O nome do filme é Arrombando a Porta dos Fundos. Esse é o projeto mais doido que eu já fiz (risos). No cinema nacional tem panela e ninguém me chama. Só chamam o Porchat, a Tatá Werneck. Só chamam os bons, para falar a verdade (risos). Como eu não consigo ir para o cinema nacional, eu preciso revolucioná-lo de alguma maneira, então fui para o filme pornô. Cheguei na Brasileirinhas querendo fazer arte e me deram um filme para eu roteirizar e dirigir. Disso, vai sair um documentário", explica Meirelles.
No documentário, Maurício Meirelles acompanhou o processo de criação de um filme pornô durante um ano e surpreendeu pessoas próximas que torceram o nariz contra a ideia de trabalhar com pornografia. "O lugar com pessoas mais engraçadas é no universo pornô. Kid Bengala é muito engraçado. E o tosco me agrada muito", empolga-se.
Já o filme pornô o humorista vai assinar com o pseudônimo de Maurício Mirella, como o ator pornô Kid Bengala o chama nos bastidores das gravações. Meirelles inspirou-se no comediante inglês Sacha Baron Cohen, intérprete do personagem Borat, que mistura realidade e ficção em seus filmes.
"[Mirella] é um cara totalmente viciado em Stanislavski [escritor russo; 1863-1938], Brecht [dramaturgo alemão, 1898-1956]. Um cineasta frustrado que não consegue ir para o cinema convencional e usa todo o seu expertise no pornô", conta Meirelles, que aparecerá apenas em cenas rápidas como garçom, oferecendo uísque, sem participar do sexo explícito.
A intenção de Meirelles era fazer uma crítica às atuais comédias do cinema brasileiro, sempre com os mesmos humoristas, participando de um filme pornô, porém mudou de ideia temendo que adolescentes, fãs de seu trabalho no CQC, tivessem acesso ao material para adultos.
Documentário para menores
Durante o processo de filmagem, o comediante decidiu também realizar um documentário, roteirizado e dirigido por ele, intitulado Pornorrágico, com sete episódios divulgados semanalmente em seu canal no YouTube. O primeiro irá ao ar na próxima quinta-feira (24).
"Crianças de 15 anos assistiriam só para me ver e daria problema. Gravei um documentário que tem tudo a ver comigo, com meu texto e minhas piadas, as mães vão gostar, e tem o [filme] pornô que quem quiser ver assiste. Pessoas de 15 anos que gostam do meu trabalho, elas podem assistir ao Pornorrágico, mas prefiro que não vejam o filme depois. Tenho o cuidado de não atrelar [o trabalho] ao pornô", preocupa-se.
Ao contrário do filme, Pornorrágico não terá sexo explícito. Meirelles acompanhou desde a escolha do nome até a finalização do longa adulto, expondo as emoções dos atores e as dificuldades do atual cinema pornô, em crise ao concorrer com a internet.
"No documentário, não aparece um mamilo sequer. É para dar risada. Os atores pornô são marginalizados pela sociedade e têm muita coisa legal a oferecer, têm boas histórias. Tem muito cara que queria ser ator da Globo e acabou indo por outro caminho. O cinema [pornô] está muito em baixa por causa da internet", diz Meirelles.
O documentário Pornorrágico foi realizado por apenas três pessoas: André Brandt, produtor do CQC; Felipe Haliday e Maurício Meirelles. Rodrigo Fernandes, criador do site Jacaré Banguela, também está envolvido no projeto.
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