Crítica | Novela da Record
Reprodução/TV Record
Thais Melchior e Dado Dolabella em cena do primeiro capítulo de Vitória, nova novela da Record
RAPHAEL SCIRE
Publicado em 2/6/2014 - 22h44
Apoiada numa campanha de lançamento provocativa, a novela Vitória, estreia de hoje (2) da Record, mostrou um primeiro capítulo repleto de belas paisagens do Caribe. Como pano de fundo, o universo do turfe, as corridas de cavalo. Além da isca fácil de impressionar o público pelas tomadas internacionais, a trama de Cristianne Fridman possui outras qualidades.
Vitória conta a história de Artur (Bruno Ferrari), um rapaz que, na adolescência, sofreu um acidente de cavalo e ficou paraplégico. Artur cresceu e cultivou a mágoa pelo pai, Gregório (Antonio Grassi), a quem culpa pela rejeição que acredita ter tido após o acidente. Para se vingar, ele aproxima-se da meia-irmã, Diana (Thais Melchior) e a seduz, para desespero do pai.
O incesto proposto pela autora seria ousado, especialmente em tempos de conservadorismo, mas o que Gregório não imagina é que Artur não é seu filho, segredo mantido por Clarice (Beth Goulart), mãe do protagonista.
Clarice, aliás, é uma personagem interessante: é internada pelo próprio filho em uma clínica psiquiátrica e tenta a todo custo demovê-lo do projeto de vingança. Beth Goulart é um dos destaques do elenco, assim como Lucinha Lins (Zuzu) e Juliana Silveira (Priscila).
A ambiguidade de Artur é um prato cheio para Bruno Ferrari mostrar versatilidade. Já à Thais Melchior falta carisma e a atriz tem pela frente o desafio de conquistar os telespectador como a mocinha da história.
A direção de Edgar Miranda é convencional, nada que chegue a revolucionar o que já foi visto até então na tela da emissora. O texto de Cristianne é bom e o capítulo inicial cumpriu a função de apresentar bem os personagens da história. O elenco não conta com muitos nomes conhecidos e incomoda um pouco a repetição de atores de Pecado Mortal, como Heitor Martinez (Caíque), Maitê Piragibe (Renata), Luciana Braga (Matilde) e Marcos Pitombo (Paulão).
Por falar em Pitombo, o ator está num núcleo que promete difundir uma discussão interessante: o de neonazistas. Junto de Priscila, Paulão irá perseguir negros, gays e nordestinos. A vilania gratuita da trama expõe o preconceito camuflado na sociedade. Dar voz ao tema é também um gancho para a emissora estimular e divulgar a produção com matérias em seus telejornais, por exemplo.
Vitória, porém, apresentou algumas irregularidades. Em que pese o fato de os cavalos serem “parte integrante da história”, a cena inicial, em que Artur luta para ficar de pé e relincha feito um animal, foi constrangedora. As tomadas aéreas foram excessivas e quebraram o ritmo da narrativa, apesar de ter muitas outras cenas rápidas e dos diálogos bem pontuados. Por fim, a cenografia da novela parece um tanto artificial, sem a impressão de uma ambientação natural. Artificiais também foram as tatuagens dos neonazistas Priscila e Enzo (Raphael Montagner).
Em tempo: anunciada para começar às 21h15, a novela entrou no ar 11 minutos mais tarde, o que denota falta de respeito da Record com os telespectadores. Estabilizar a grade de programação é a melhor maneira de fidelizar o público. Espera-se que Vitória não sofra com os dissabores de trocas constantes de horário que a emissora está habituada a fazer.
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