Haja Coração repete história de Cinderela e cativa audiência com 'Shirlipe'

Depois do sucesso que foi Totalmente Demais, a Globo volta a apostar na conhecida história da Cinderela em uma trama de Haja Coração, a novela titular das sete. Quem ocupa o posto agora é Shirlei (Sabrina Petraglia), a irmã da protagonista Tancinha (Mariana Ximenes) que sofre com um problema na perna e por isso anda mancando. A moça, aos poucos, começa a balançar o coração do ricaço Felipe (Marcos Pitombo) e conquista a simpatia da audiência. Nas redes sociais, o casal virou "Shirlipe" e já tem uma respeitável torcida.

No início da história, após ser humilhada por Adônis (José Loreto), Shirlei saiu caminhando debaixo de uma tempestade. Ao avistar seu ônibus em vias de partir, ela tentou correr, mas a bota ortopédica que usava ficou presa em um bueiro. Felipe quase a atropelou, mas passado o susto, ela conseguiu se soltar e fugir, deixando o sapato no local. O bonitão, então, passou a percorrer São Paulo atrás da dona do calçado, enredo idêntico ao do conto de fadas.

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Eles até chegaram a se cruzar, mas desencontros folhetinescos adiaram a reaproximação. Eis que outro golpe típico das novelas faz com que Felipe e Shirlei passem a dividir o mesmo cenário: a moça se torna empregada do apartamento do publicitário. A simpatia mútua entre os dois, porém, irrita Jéssica (Karen Junqueira), a namorada de Felipe.

Em poucos capítulos, Shirlei já sofreu horrores nas mãos de Jéssica: teve de limpar todo o apartamento sem almoçar, com direito a apenas uma barrinha de cereal, subiu 14 lances de escada carregando compras do supermercado e nem assim se deixou esmorecer. Crente de que a empregada pediria as contas, Jéssica foi surpreendida por sua resistência.

Com a trama de Shirlei e Felipe, a história da Cinderela ganha em Haja Coração contornos de inclusão social (a empregada que irá ascender socialmente) e de tolerância, uma vez que Shirlei tem deficiência física. É uma fórmula já conhecida, que beira o dramalhão mexicano, mas que inegavelmente mexe com os ânimos do público. É, sem dúvida, a surpresa da novela.

Reconhecido o sucesso, o autor Daniel Ortiz dá pistas de que irá investir mais e mais nesse núcleo. É preciso reconhecer, porém, que se trata de um romance água com açúcar, capaz de provocar a catarse em quem assiste, que espera ansiosamente pela virada de Shirlei. É, também, a chance tanto de Sabrina quanto de Pitombo mostrarem talento e, quem sabe, conquistarem mais prestígio em suas carreiras, não somente papéis secundários.

Ainda no núcleo de Shirlei, vale destacar o ótimo desempenho de Chandelly Braz como a invejosa Carmela, que não suporta a irmã deficiente e faz de tudo para prejudicá-la. Junto com Jéssica, Carmela forma na novela o equivalente às irmãs malvadas da Cinderela. Mesmo com um papel coadjuvante em mãos, Chandelly mostra-se segura em cena e vem crescendo a cada dia.

A trama de Shirlei e Felipe está longe de ser original, mas prova de uma vez por todas que o público quer mesmo é ver nas novelas do momento o já conhecido dramalhão com toques de contos de fada. Infalível.

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