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Análise | Vitória

Exagerada, novela da Record mata personagens para se salvar

Divulgação/Record

Cena de enterro do personagem de Jonas Bloch em Vitória; ator saiu porque não renovou com a Record - Divulgação/Record

Cena de enterro do personagem de Jonas Bloch em Vitória; ator saiu porque não renovou com a Record

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 21/2/2015 - 6h21

A um mês de seu fim, Vitória, a atual novela da Record, definitivamente entrou para o rol de produções que devem ser esquecidas na emissora (e fora dela). Sem uma trama envolvente, o folhetim alcança índices modestos no Ibope (abaixo de seis pontos) e mostra aquilo que há tempos já dá para se constatar: o descaso da Record com seus produtos de teledramaturgia.

Desde Avenida Brasil (2012), o mote da vingança parece ter se tornado o tema favorito dos novelistas. Em Vitória, é Artur (Bruno Ferrari) quem arma um plano para se vingar do pai e para isso forja um falso incesto. Mas ele se apaixona verdadeiramente por Diana (Thaís Melchior), a falsa irmã, e o plano inicial vai por água abaixo. Desde então, a impressão é de que o casal central da novela esvaziou-se e não empolga.

Sem as tintas da ambiguidade inicial que carregava, Artur ganhou um novo antagonista, o psicopata Iago (Gabriel Gracindo). Ainda que seja uma trama que preze pelo exagero, com um mocinho paraplégico e uma mocinha que sofre tanto a ponto de ser soterrada, coberta de lama dos pés à cabeça, Vitória poderia despertar pautas interessantes em outros produtos do entretenimento e do jornalismo da casa, uma vez que apresenta temas relevantes, como o neonazismo e o Mal de Alzheimer.

Não é o que acontece. Em vez disso, preferem discutir a doença de Zuzu (Lucinha Lins) em uma roda de um grupo de ajuda. Colocar merchandising social em uma novela não é errado, mas médicos e pacientes reais explicando tintim por tintim as agruras e o que é a doença de Alzheimer é um porre e lembrou os piores momentos dos folhetins de Manoel Carlos na Globo.

Pelo potencial dramático e os bons recursos de interpretação de Lucinha Lins, a trama funcionaria muito melhor só com o enredo ficcional. Ao menos aqui, diferentemente de Império, a novela das nove da Globo, personagem falando sozinho é justificável.

O núcleo dos dançarinos mascarados serviria como alívio cômico da história, mas não é lá tão engraçado, apesar de cumprir a função de dar leveza a uma trama carregada por si só.

Esticada pela Record, Vitória exigiu de sua autora dinamismo e para isso Christiane Fridmann promoveu um verdadeiro extermínio de personagens a fim de movimentar a história. O último a deixar a trama foi Jonas Bloch (Ramiro), que não renovou seu contrato com a emissora.

Por falar em elenco, há de se destacar o excelente trabalho de Juliana Silveira (Priscila), que consegue imprimir verdade com seu olhar e garante credibilidade à personagem, uma neonazista. Aline Borges (Laiza) também encontrou o tom de sua interpretação e sua participação cresceu dentro da história.

Com diálogos que flertam com o didatismo, ainda que não totalmente sofríveis, Vitória é uma novela fraca e não tem uma história empolgante. É certamente um ponto fora da curva da carreira até então bem-sucedida de Christiane Fridmann.


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