Mico no ar
Divulgação/TV Globo
Clara e Marina se beijam em cena de Em Família que a Globo mostrará nesta segunda-feira
DANIEL CASTRO e MÁRCIA PEREIRA
Publicado em 27/6/2014 - 19h29
Atualizado em 28/6/2014 - 5h55
A exibição de um beijo (na verdade, um selinho) entre duas mulheres no capítulo da próxima segunda-feira de Em Família não livrará a novela do mico que ela foi até agora na representação de um romance lésbico. Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller) são lindas e estão apaixonadas uma pela outra, mas parecem duas meninas de sete anos. Só namoram de mãozinhas dadas e olhares carinhosos. Construíram a relação mais bonita da novela (alguns diriam o único casal para o qual se pode torcer), mas, em "público", o máximo de carinho que demonstraram até agora foi um roçar de pernas, debaixo de uma mesa de restaurante.
Clara deixou o marido transplantado para viver com Marina. Elas estão sempre juntas. No capítulo desta segunda, Marina vai pedir Clara em casamento. As pessoas do mundo real, homo ou heterossexuais, se beijam apaixonamente quando recebem uma proposta de casamento de alguém que amam. Manoel Carlos, autor de Em Família, teve a insensatez de escrever uma cena em que a fotógrafa apenas colocava uma aliança na mão direita da amada e beijava o anel. No final, elas apenas se abraçariam _como duas irmãs, não como um casal.
A cena mudou na gravação, na quinta-feira, 26. O abraço foi trocado por um beijo. Nos bastidores do Projac, afirma-se que foi a direção da Globo que exigiu, porque seria ridículo um pedido de casamento terminar em abraço. Outros dizem que o abraço no roteiro foi apenas para despistar (e surpreender até as atrizes).
Mas não espere um beijo de tirar o fôlego na próxima segunda. A direção da novela foi autorizada pela cúpula da emissora a gravar apenas um selinho. Em uma das fotos divulgadas pela Globo, dá para ver claramente que os lábios das atrizes não se tocam completamente. E ainda não está certo se vai ter um novo beijo entre elas, durante a cerimônia de casamento ou na derradeira cena.
Clarina desde cedo ganhou torcida na internet _e não apenas de lésbicas ou gays. Mas a cúpula da Globo sabe que não pode exagerar na dose. Um beijo mais mundo real, de língua, em português claro, seria considerado agressivo por setores da sociedade com os quais a emissora não quer briga, como a Igreja Católica. Além disso, as pesquisas com telespectadores reprovaram o casal lésbico em um momento em que Clara ainda compunha uma família de comercial de margarina. Um novo selinho pode acontecer. Mas terá de ser negociado entre Manoel Carlos, o diretor Jayme Monjardim e a cúpula da Globo.
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