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O DONO DO MUNDO

Vilão de Antonio Fagundes incomodou cirurgiões e rendeu reclamações à Globo

DIVULGAÇÃO/TV GLOBO

Malu Mader e Antonio Fagundes caracterizados como os personagens da novela O Dono do Mundo (1991)

Malu Mader e Antonio Fagundes protagonizaram O Dono do Mundo (1991), novela das oito da Globo

DÉBORA LIMA

debora@noticiasdatv.com

Publicado em 3/1/2023 - 6h25

Há exatos 31 anos, chegava ao fim a novela O Dono do Mundo (1991) na faixa das oito na Globo. O autor Gilberto Braga (1945-2021) escreveu o personagem Felipe Barreto especialmente para Antonio Fagundes, que viveu na história seu primeiro vilão. Mas o comportamento controverso do médico trouxe problemas para a emissora.

Cirurgiões plásticos ficaram extremamente incomodados com a falta de ética de Felipe Barreto ao longo do folhetim. Os profissionais da saúde se preocuparam que o personagem manchasse a imagem da categoria e encaminharam várias reclamações à Globo.

Na trama, Barreto era um cirurgião plástico bem-sucedido e casado por interesse com Stella (Gloria Pires). No dia do casamento de Walter (Tadeu Aguiar), um de seus funcionários, o mau-caráter fez uma aposta de que levaria para a cama a mocinha virgem, Márcia (Malu Mader), antes do noivo.

O crápula, então, bancou a lua de mel do casal e viajou com eles com a desculpa de que tinha negócios no mesmo local. Sem escrúpulos, ele conseguiu afastar o funcionário do hotel, seduziu Márcia e transou com ela. Já Walter entrou em desespero ao ver a amada na cama com o patrão, saiu de carro e acabou sofrendo um acidente fatal.

A partir de então, a protagonista vivida por Malu Mader passou a ser rejeitada por todos os personagens --e também pelo público. Depois de cortar o rosto do médico com um bisturi em um momento de fúria, Márcia jurou vingança e recebeu a ajuda da cafetina de luxo Olga Portela (Fernanda Montenegro) para acabar com a vida de Felipe.

A história, no entanto, não agradou nem um pouco o telespectador. De acordo com pesquisas de opinião feitas pela Globo na época, as pessoas não acreditavam que uma jovem como Márcia, com curso superior, moradora do Rio de Janeiro e em plena década de 1990, se deixaria levar tão facilmente por Felipe Barreto.

A protagonista também sofreu com julgamentos machistas por ter perdido a virgindade com o cirurgião, e não com o marido. Na época, a antipatia pela mocinha foi justificada com uma cena importante no início do folhetim.

Felipe chegou a desistir do plano de desvirginar a noiva, mas Márcia foi atrás do médico no quarto dele antes de se entregar para ele. A traição e falta de lealdade a Walter foram a gota d'água para o público. Por isso, não torceram pela vingança dela.

Isso motivou ainda uma alteração na versão da novela comercializada internacionalmente. Em outros países, a cena em que a mocinha bateu à porta do vilão não foi exibida. A sequência contou apenas com a voz de Malu Mader, e, em seguida, a jovem já apareceu na cama do médico.

Mudanças de rumo

Gilberto Braga precisou lidar com o fato de ter uma heroína rejeitada pelo público e um vilão admirado. Ele se esforçou para tentar reverter esse cenário e tornar a trama da protagonista mais convincente --sem muito sucesso. O autor chegou a dizer que pesou a mão na crítica social, o que não deu bons resultados.

Silvio de Abreu foi chamado às pressas para ajudar a reformular a novela. O dramaturgo mudou o perfil de alguns personagens com a intenção de dar mais agilidade à trama.

Em depoimento ao livro Autores, Histórias da Teledramaturgia, do projeto Memória Globo, Gilberto Braga falou sobre O Dono do Mundo:

A primeira semana da novela foi a melhor coisa que já fiz na vida. Acho a história muito forte, embora totalmente errada como novela de televisão, porque era cruel, muito penosa para o telespectador. Era uma história séria sobre luta de classes, pobre levando porrada e não tendo como se defender. A audiência começou a cair, e eu tive que mudar isso. Ficou uma bela porcaria!

Um casal coadjuvante também ganhou destaque: a história de amor entre Taís (Leticia Sabatella) e Guilherme (Ângelo Antônio) chamou a atenção do público. A jovem se prostituía para ascender socialmente. Já ele se envolvia com marginais no começo da trama, mas virou um ícone da honestidade depois.

Mesmo com as reclamações sobre o personagem, Silvio de Abreu citou Felipe Barreto em A Próxima Vítima (1995). O cirurgião foi o responsável por fazer uma plástica em Isabela (Claudia Ohana).


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