ALÔ, BETTY?
FOTOS: REPRODUÇÃO/TV GLOBO
A estilista Betty (Deborah Evelyn) com Blanche (Maria de Medeiros) em Verdades Secretas 2
A vida de Betty (Deborah Evelyn) virará de ponta-cabeça nos próximos episódios de Verdades Secretas 2. Ela arrastará o modelo Mateus (Bruno Montaleone) para a cama, sem imaginar que ele também dividirá os lençóis com o seu marido e enteado. A trama é vagamente inspirada em Teorema (1968), um dos filmes mais polêmicos de Pier Paolo Pasolini (1922-1975).
Gay, comunista e profundamente católico, o cineasta italiano escandalizou a Igreja e até foi esconjurado pelo papa Paulo 6º (1897-1978) com o longa-metragem que aproximava os sermões de Jesus Cristo da filosofia de Karl Marx (1818-1883). No centro da controvérsia, estava o "anjo do sexo" interpretado por Terence Stamp.
O jovem com ares celestiais, chamado apenas de "o visitante", se envolve sexualmente com toda uma família de classe média, incluindo a empregada Emília (Laura Betti). Ela é a única capaz de ser tocada por aquela presença divina, ao contrário do patrão e da mulher, além de seus dois herdeiros.
Os quatro burgueses se autodestroem assim que o anjo desaparece, como se ascendesse aos céus. Um fica catatônico, outro passa a pintar com as próprias fezes, o terceiro se torna ninfomaníaco, e o último dá todo dinheiro aos pobres. A doméstica, por sua vez, vira santa.
O autor Walcyr Carrasco, aliás, parece ter se esquecido apenas da funcionária ao recontar a história à sua maneira no folhetim. À primeira vista, o núcleo de Betty é bastante parecido com a estrutura familiar de Teorema --um pai milionário, Lorenzo (Celso Frateschi); o filho homossexual, Giotto (Johnny Massaro); e a filha reprimida, Irina (Julia Stockler).
REPRODUÇÃO/IMDb
Terence Stamp em Teorema (1968)
Eles também vão deixar se envolver e serem transformados por Mateus, que não é exatamente um anjo na segunda temporada de Verdades Secretas. A questão religiosa, que fez a Igreja Católica tirar um prêmio dado a Pasolini por O Evangelho Segundo São Mateus (1964), até o momento não é uma questão para a produção do Globoplay.
As críticas à alienação pequeno-burguesa e a fé de que apenas a classe operária ascenderá ao socialismo, ou melhor, ao paraíso também não são temas comumente abordados por Carrasco.
O novelista, por outro lado, costuma usar o repertório cultural a seu favor. A trama de Betty não seria a primeira a ser inspirada em um filme ou um livro, como foi o caso de Clara (Bianca Bina) em O Outro Lado do Paraíso (2017). A vingança teve ares de O Conde de Montecristo, de Alexandre Dumas (1802-1870).
O Cravo e a Rosa (2000) era uma adaptação de A Megera Domada, e Amor à Vida (2013) tinha um quê de Rei Lear, ambas de William Shakespeare (1564-1616). Sete Pecados (2007), por sua vez, foi abertamente inspirada em A Divina Comédia, de Dante Alighieri (1265-1321).
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