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OBRA-PRIMA DO MEDO

Em Gênesis, Sodoma vira 'brincadeira' perto de filme mais perturbador da história

REPRODUÇÃO/RECORD

A atriz Beth Goulart em um close-up de seu rosto, ela tem uma maquiagem pesada e unhas longas, feitas de metal, e uma coroa na cabeça como Jaluzi em cena de gênesis

Jaluzi (Beth Goulart) é a rainha de Sodoma em Gênesis; novela não mostrará "pecados" da cidade

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 25/4/2021 - 7h05

Gênesis promete ganhar fôlego ao adentrar as muralhas de Sodoma e Gomorra. A nova etapa da quinta fase, Jornada de Abraão, volta à fórmula com cenas grandiosas e efeitos especiais que fizeram a novela bíblica bater recordes de audiência no primeiro mês de exibição. A Record, no entanto, vai pegar leve ao mostrar os "pecados" das cidades --e nem de perto chegará à experiência traumática de Salò ou Os 120 Dias de Sodoma (1975).

O folhetim já mergulhou na perversidade da rainha Jaluzi (Beth Goulart), uma das novas vilãs da trama, que usa unhas metálicas para trucidar e envenenar não só inimigos, mas também os próprios servos. O público, no entanto, não precisará tapar os olhos ou mudar de canal, uma vez que boa parte das "perversões" da nobre serão apenas sugeridas.

Os telespectadores vão precisar usar a imaginação para descobrir o porquê de Deus destruir as localidades com fogo e enxofre, além de transformar Ayla (Elisa Pinheiro) em uma estátua de sal. As "atrocidades" de Sodoma vão ficar apenas na fala de alguns personagens, a exemplo de Ló (Emilio Orciollo Neto).

"Eu vi coisas que jamais gostaria de ter visto", dirá o sobrinho de Abrão (Zécarlos Machado) nas cenas que serão exibidas na próxima quarta (28) no folhetim de Camilo Pellegrini, Stephanie Ribeiro e Raphaela Castro.

A Record, na verdade, enfrenta uma "sinuca de bico" para colocar o relato bíblico no ar. Um dos primeiros empecilhos é uma parcela de sua própria audiência, que busca na produção uma alternativa a uma suposta "degeneração" das histórias exibidas pela Globo --seja pelo excesso de violência ou mesmo pela presença de personagens LGBTQ+.

A emissora sequer vai sugerir que Sodoma e Gomorra foram destruídas porque os seus habitantes praticavam sexo oral ou anal, especialmente entre pessoas do mesmo gênero, ou muito menos porque exibiam as suas "vergonhas". Os personagens apenas vão se chocar ou revelar que preferiam ter lavado os olhos com cloro após cada incursão pelo vilarejo.

O texto vai focar na perversidade moral e na crueldade física dos habitantes para pontuar essa degradação, evitando a todo custo menções ao sexo ou mesmo à nudez.

REPRODUÇÃO/IMDb

Renata Moar em Salò ou Os 120 Dias de Sodoma

Sessão de terror

O horror de Ló ao acompanhar Sitri (Ricardo Martins) em uma volta pelas ruas de Sodoma, na verdade, remeterá ao choque dos espectadores a cada sessão de Salò ou Os 120 de Sodoma, considerado um dos filmes mais perturbadores da história do cinema --e inspirado nos textos do Marquês de Sade (1740-1814).

A obra de Pier Paolo Pasolini (1922-1975) critica a Itália ao mostrar figuras que representam o poder --o presidente de um banco, um bispo, um duque e um juiz-- abusando psicologicamente, fisicamente e sexualmente de um grupo de adolescentes durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

O longa traz sequências de estupros, mutilações, torturas físicas e até mesmo de coprofagia para remeter à imagem mítica de Sodoma, em uma crítica de que, muitas vezes, os ímpios estariam escondidos sob a palavra de Deus --um neoconservadorismo hipócrita e fascista que se arrasta até os dias de hoje.

Salò também representa um tempo em que havia uma alternativa ao capitalismo, e que ele não era tomado com a única realidade possível. Pasolini sempre foi polêmico em seus filmes, mas se revoltou ao vê-los serem apropriados pela publicidade --a ponto de querer criar imagens tão grotescas que jamais seriam usadas para incentivar uma sociedade de consumo.

O realizador italiano, diga-se de passagem, está bem longe da figura de um anticristo. Apesar de ser um crítico ferrenho do governo de seu país à época, fortemente atrelado à Igreja Católica, ele também foi celebrado e aplaudido pela instituição religiosa.

O Evangelho Segundo São Mateus (1964) chegou a chocar a sociedade ao colocar um jovem espanhol de 19 anos, e reconhecido militante comunista, para interpretar Jesus Cristo. Apesar das críticas, a obra ganhou um importante prêmio dedicado a filmes que abordam o cristianismo --o Ocic Award, promovido pela Associação Católica Mundial pela Comunicação.


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