Sem Regino e com Chiquita, Jacira muda história dos sem-terra em O Rei do Gado

Jacira (Ana Beatriz Nogueira) pode até ter perdido Regino (Jackson Antunes), mas terá a ajuda de Chiquita (Arieta Corrêa) para liderar os sem-terra em O Rei do Gado. As duas se unirão a Bia (Mara Carvalho) e tentarão transformar a vida do grupo por meio da educação. Enquanto as professoras se desdobram para dar aulas às crianças e adultos, a posseira tentará ajudar os companheiros a assentarem suas famílias usando estratégias pacíficas --como o marido dela sempre pregou.

Ela assumirá o posto por acaso, mas acabará se sentindo confortável tomando conta do legado do amado. Antes mesmo do luto passar, os moradores do assentamento passarão a procurá-la para resolver problemas. Mas ela só assumirá o posto definitivamente após superar um pouco a dor. Ela dará dicas para os amigos e, quando perceber, também ajudará pessoas de outros grupos, que ainda não se assentaram. 

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No final da novela, a mulher estará tão tranquila no posto que até resolverá algumas pontas soltas deixadas pelo marido. Dois homens irão informá-la de que um acordo proposto aos fazendeiros por Regino não terá funcionado, e ela tratará de resolver tudo. "O dono daquelas terras tá pedindo pra gente sair de lá, por causa que a coisa emperrou na tar burocracia", explicará o desconhecido.

"O Regino deixou o acordo feito com o dono daquelas terra. Ocês não vai sair de lá", cravará a mulher.  "Mas tava combinado que, se o governo não fizesse a parte dele, pagando as benfeitoria do dono, a gente ia ter que sair, dona Jacira. E a gente prometeu honrar a palavra do seu marido, diacho!", reclamará ele. Chiquita interromperá a conversa para fazer um discurso: 

O Caxias [Carlos Vereza] sempre falava que nem nas calamidades públicas esse país tem pressa, quando se trata de acudir seu povo. O governo do Estado já deve ter autorizado o pagamento das benfeitorias desse senhor das fazendas. Mas essa autorização deve estar trancada em alguma gaveta. Como diria o senador... Um país inteiro não pode trabalhar para pagar uma máquina que, além de cara, não funciona como devia funcionar.

O homem perderá a paciência. "Me desculpa, mas não é isso que a gente veio discutir aqui. Nós queríamos saber o que vamos fazer da nossa vida, dona Jacira. Levantamo acampamento e voltamo pra estrada de novo? Nossa gente está esperando uma resposta da senhora", soltará ele. A matriarca se encherá de coragem e anunciará:  "Meu marido não pode ter morrido em vão. Eu vou voltar lá e vou conversar com o dono daquelas terra!".

Chiquita se oferecerá para ir junto, assim como Bia. Elas comandarão uma tropa de cidadãos, aludindo uma bandeira dos sem-terra. No meio da expedição, ela fará um discurso acalorado --bem semelhante aos que o marido fazia: "A nossa luta é só pela terra! Só pela terra! Pelo nosso sustento e pelo sustento dos nossos filho!".

A liderança será uma forma de continuar o legado de Regino, assassinado brutalmente por um grupo de jagunços. Os homens foram contratados por fazendeiros poderosos que temiam o avanço dos posseiros sobre suas terras. O mesmo motivo causou a morte de Caxias, um dos principais defensores da causa na política. Foi por causa dele, aliás, que Chiquita terá ido parar no assentamento.

Apaixonada tanto pelo senador quanto pelos ideais dele, a moça encontrará no acampamento uma forma de acalentar seu coração. Ela se mudará definitivamente para lá ainda nesta terça (23) e retomará sua formação de professora para ajudar Bia na alfabetização de todos. 

Escrita por Benedito Ruy Barbosa e dirigida por Luís Fernando Carvalho,  a novela rural, exibida originalmente em 1996, conta a saga de Bruno Mezenga (Antonio Fagundes), eterno rival dos Berdinazzi.