Santinha da primeira Renascer, Patrícia França escapou de papel maldito

O papel de Maria Santa na primeira versão de Renascer (1993) marcou a vida da atriz Patrícia França. Aos 19 anos, ela ganhou muito destaque na pele da mocinha, conquistou fama no país inteiro e foi alçada a protagonista de Sonho Meu (1993). A atriz se deu muito bem com esta personagem e escapou de encarar um papel que foi problemático na trama: o de Mariana (Adriana Esteves).

Na versão original de Renascer, Mariana era malvista (numa abordagem com um tom de machismo) por seduzir tanto o pai (José Inocêncio, interpretado por Antonio Fagundes) quanto o filho (João Pedro, vivido por Marcos Palmeira). Adriana Esteves, com pouca história na televisão, foi muito criticada por sua atuação e chegou a se afastar da teledramaturgia após o trauma.

Em entrevista ao Notícias da TV, Patrícia França contou que até recebeu a chance de pegar o papel de Mariana, mas sempre teve muito claro em sua cabeça que seu caminho seria outro. 

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"Naquele momento eu tinha 19 anos, e o [diretor] Luiz Fernando Carvalho me ligou convidando pra fazer a novela. A ideia inicial era que eu fizesse o teste para dois papéis [Mariana e Santinha]. Eles precisavam ver em qual eu me sairia melhor, pra qual personagem eu estaria mais adequada. Lembro que fiz o teste com Osmar Prado pra fazer a Mariana. O teste pra fazer a Maria Santa não me lembro com quem fiz. Quando acabaram os testes, fui ao [diretor] Emilio Di Biase e falei: 'Eu quero fazer a Maria Santa'", revelou.

"Ele ficou muito surpreso e disse: 'Mas como? A Mariana vai percorrer a novela inteira, vai ser protagonista. Você só vai fazer 12 capítulos?'. Eu falei: 'Mas eu quero fazer essa, é essa que eu quero, eu sei fazer essa personagem'. Fui pra casa e, pra minha grata surpresa, eu realmente fui escalada pra fazer a Maria Santa", contou a atriz.

A princípio, a primeira fase de Renascer em 1993 teria 12 capítulos, que foram gravados. No entanto, no corte final, ela durou apenas quatro capítulos no ar.

Ainda assim, a interpretação de Patrícia como Maria Santa deu tão certo que, apesar de ter morrido na primeira fase, a personagem reapareceu diversas vezes em sonhos de José Inocêncio.

"Quando acabei as gravações, fui fazer um show musical, eu canto. Lembro que um dia me ligaram e falaram: 'Você tem que vir pra cá gravar, você tem cenas pra gravar'. Isso me deixou muito surpresa", lembrou.

"Era muito especial fazer aquelas cenas com o Antonio Fagundes, por ser o Fagundes, esse ator tão maravilhoso, e porque eram muito bonitas, muito bem escritas. Eu me emocionava muito", confessou.

Após Maria Santa, Patrícia ganhou reconhecimento nacional e conquistou outros papéis de destaque na Globo, em folhetins como Sonho Meu (1993), Salsa e Merengue (1996) e Suave Veneno (1999).

A novela mais recente dela foi Gênesis (2021), da Record. No ano passado, a atriz gravou um filme infantojuvenil, que deve estrear nos próximos meses, e também planeja participar de um musical teatral ainda este ano.

Ainda assim, o impacto de Maria Santa e o carinho pela personagem seguem vivos dentro de Patrícia França. "Fiz muitas outras coisas, coisas muito maiores até. Mas aquela personagem está no meu coração até hoje, pelo que ela é. Maria Santa é uma figura muito especial", declara.