SELVA DE PEDRA
Nelson Di Rago/TV GLOBO
Cíntia (Beth Goulart) e Fernanda (Christiane Torloni) em Selva de Pedra (1986): amizade vetada
Há 37 anos, a segunda versão de Selva de Pedra (1986) estreava na faixa das oito da Globo. O remake da novela de Janete Clair (1925-1983) teve cenas de Fernanda (Christiane Torloni) e Cíntia (Beth Goulart) reformuladas após proibição da Censura Federal, que alegou que a trama insinuava um romance lésbico entre as amigas. "Acabou sendo um pouco demais para o que o público estava esperando", analisou Beth.
Na adaptação escrita por Regina Braga e Eloy Araújo (1937-2019), as duas apareciam curtindo uma tarde na piscina logo no primeiro capítulo. Mas a intimidade entre as amigas e as trocas de olhares foram vistas como algo a mais pela Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP).
O departamento começou a vetar diálogos, além de recomendar moderação nas cenas de amor e exigir que as sequências entre Fernanda e Cíntia fossem reformuladas por que sugeririam um relacionamento afetivo entre as mulheres. Sem saída, os autores acataram as ordens e mudaram a relação das duas.
"Essa foi uma 'pimentinha' do diretor Walter Avancini [1935-2001] para a relação de amizade das duas personagens, e não era algo que estava na dramaturgia inicial da Janete Clair. Acho que essa pimenta acabou sendo um pouco demais para o que o público estava esperando receber nos anos 1980", afirmou Beth Goulart ao jornal Extra em 2019, quando a novela foi reprisada no canal Viva.
Na época, essa alteração não foi tão traumática a ponto de ficarmos: 'Oh, meu Deus, algo foi censurado'. Não tenho bola de cristal, mas, se a novela fosse feita hoje em dia, talvez as personagens tivessem uma postura mais assumida.
Na trama, as amigas acabaram assumindo relacionamentos com homens para afastar de vez o suposto romance lésbico. Cíntia se casou com Marcelo (Reinaldo Gonzaga), e Fernanda virou a grande vilã da história depois de ser abandonada no altar por Cristiano (Tony Ramos).
O remake de Selva de Pedra não repetiu os índices de audiência da primeira versão e também foi alvo de críticas pela atuação da protagonista, Fernanda Torres. Depois de alguns anos, a atriz admitiu que cansou do sofrimento da mocinha e nunca mais fez uma novela inteira.
"Amava a novela, mas não nasci para fazer mocinha. A gente tem que ter cuidado com o que pede porque as coisas vêm", afirmou a artista ao programa Ofício em Cena, da GloboNews.
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