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BEBÊ A BORDO

Sonhos eróticos e lésbica: autor extravasou em novela da Globo após fim da Censura

Nelson Di Rago/TV GLOBO

Maria Zilda Bethlem com cabelos na altura do ombro e usando óculos de grau como Ângela em Bebê a Bordo

Maria Zilda Bethlem como Ângela em Bebê a Bordo (1988); mulher reprimida tinha sonhos eróticos

DÉBORA LIMA

debora@noticiasdatv.com

Publicado em 10/2/2023 - 6h35

Há 34 anos, a novela Bebê a Bordo (1988) chegava ao fim na faixa das sete da Globo. A trama de Carlos Lombardi sofreu com cortes no início, mas virou o jogo quando a Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP) foi extinta em setembro de 1988, após a aprovação da Constituição. A partir de então, o autor extravasou e apimentou a história com detalhes sexuais antes proibidos.

O novelista revelou que várias sequências com Carla Marins, intérprete de Sininho, foram vetadas pelo departamento. "Tinha um censor que não podia ver a Carla Marins que saía cortando, porque achava a coisa mais sensual que ele já tinha visto na vida. Na verdade, você não lida com regras, você não lida com nada, você lida com as manias de cada um", explicou o escritor em depoimento ao site Memória Globo.

Na época, Roberto Talma (1949-2015) teve de ir até Brasília para pedir autorização para a novela ser exibida às 19h, como havia sido programado pela emissora. A Censura só queria liberar o folhetim para a faixa das oito, e o diretor precisou descartar várias cenas para que a história fosse finalmente aprovada.

Só que o cenário mudou completamente com o fim da Censura do Governo Federal. Bebê a Bordo, Vale Tudo (1988) e Fera Radical (1988) estavam no ar nesse momento e foram as últimas novelas da Globo que passaram pelo crivo da DCDP, órgão ligado ao Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça, extinto com a promulgação da Constituição de 1988.

Foi então que temas antes considerados tabus passaram a ser mais explorados nas produções televisivas, que viveram um período de bastante liberdade criativa.

Libera geral!

Carlos Lombardi abordou o sexo de maneira inovadora para o horário e adotou o bordão "levar uns coelhos" quando os irmãos Rico (Guilherme Leme) e Rei (Guilherme Fontes) queriam dizer que iriam transar.

Além disso, mostrou os dilemas de Ângela (Maria Zilda Bethlem), uma mulher sexualmente reprimida que explorava suas fantasias por meio de sonhos eróticos com Tonhão (José de Abreu). As cenas eram feitas em estilo de clipes, dirigidos por Paulo Trevisan, e embalados pela música-tema da personagem, Mordida de Amor, hit da banda Yahoo.

A novela também contou com uma sexóloga, Fânia (Deborah Evelyn), que estudava o comportamento sexual dos personagens. Já Joana Mendonça (Débora Duarte) ficou marcada como uma das primeiras representações de uma lésbica no horário das sete. Descarada, a executiva aparecia em cena dando em cima de várias mulheres.

A representação de Branca (Nicette Bruno) também rompeu com a idealização do papel da mulher na sociedade. "Uma grande tolerância quanto aos valores sexuais, a partir de uma mãe típica dona de casa e não trabalhadora que recusava o rótulo de santa e confessava o adultério feliz que teve por quase quarenta anos com o vizinho [Tito, vivido por Sebastião Vasconcelos (1927-2013)]", declarou o autor.


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