PECADO MORTAL
DIVULGAÇÃO/RECORD
Carlão (Fernando Pavão) e Patrícia (Simone Spoladore) são os protagonistas de Pecado Mortal
A Record não gostou de ver a Globo programar a novela Todas as Flores para ofuscar sua A Fazenda 15 e vai dar o troco na mesma moeda. Quer dizer, mais ou menos na mesma moeda. A partir de 2 de janeiro, a emissora exibirá na faixa das 22h45 a trama Pecado Mortal (2013), de Carlos Lombardi, uma de suas produções mais ousadas, marcada pela extrema violência --ao final, 15% do elenco morreu ou foi assassinado.
Com Pecado Mortal, a Record acredita que poderá atrapalhar a Globo e seu Big Brother Brasil, que em 2024 estreia mais cedo, em 8 de janeiro. A diferença entre as duas emissoras é que a Globo exibiu uma trama inédita na TV aberta (Todas as Flores estava disponível no Globoplay), enquanto Pecado Mortal é uma produção que estreou há dez anos. Será sua primeira reprise na Record, mas ela já foi reapresentada na Rede Família em 2020.
Pecado Mortal foi a primeira e única novela de Carlos Lombardi depois que ele deixou a Globo. Foi a antepenúltima da "Era de Ouro" da Record, entre 2004 e 2014. Depois dela, a emissora fracassou com Vitória (2014) e, a partir do ano seguinte, passou a investir no filão bíblico. Foi muito bem-sucedida com Os Dez Mandamentos (2015).
O texto sarcástico e humorado de Carlos Lombardi foi bem aceito pela crítica, mas a novela sofreu com as estratégias de programação da Record (estreou às 22h30 e passou para as 21h10 na estreia de Em Família na Globo) e com problemas com elenco: Mel Lisboa a deixou para fazer teatro e Marcos Pitombo foi escalado para Vitória --ambos, tiveram seus personagens mortos em uma ação violenta.
Betty Lago (1955-2015) se afastou por doença. Ela já havia travado sua primeira luta contra o câncer na época das gravações. O diretor-geral, Alexandre Avancini, também teve que deixar a trama na mão de seus assistentes para assumir outro compromisso.
Marcinha (Mel Lisboa) morreu atropelada em Pecado Mortal
A Record apostou alto em Pecado Mortal e esperava um ibope na casa dos 10 pontos na Grande São Paulo, mas a Globo não deu moleza, esticando sua então bombada novela das nove, Amor à Vida, até por volta das 23h. Fechou com média de 6 pontos, menos do que as criticadas antecessoras do horário, como Máscaras (2012).
A novela foi inovadora ao ter um capítulo inteiro (escondido na véspera do Natal de 2013) em uma realidade paralela. O autor se inspirou em filmes e séries para mostrar as vidas dos personagens se o protagonista, Carlão (Fernando Pavão), tivesse se tornado bicheiro, como o pai, e não um hippie.
Na primeira fase, que se passa em 1941, a história começa quando Stella (Marcela Barrozo/Betty Lago) tem seu filho recém-nascido tomado por Donana (Maytê Piragibe/Jussara Freire), a mulher de seu amante. A saga salta para 1977, quando Stella ressurge mais velha e rica, investigando o paradeiro do herdeiro.
Carlão é o protagonista da segunda fase. Na verdade, ele se chama Marco Antônio Vêneto, mas renegou a família para viver longe do universo do pai, o poderoso bicheiro Michelle Vêneto (Luiz Guilherme), marido de Donana.
Casado com a promotora de Justiça Patrícia Almeida (Simone Spoladore), ele vive feliz com os dois filhos pequenos até que é envolvido em um escândalo de pedofilia. Lombardi usou como referência um caso real, o da Escola Base, nos anos 1990, em que os donos foram acusados de molestar alunos. Depois, descobriu-se que era mentira.
Professor, Carlão se vê no meio de um furacão com a acusação. Com isso, verdades sobre sua origem vêm à tona e abalam seu casamento, já que ele é filho do homem que a promotora investiga há anos.
Pecado Mortal foi ambientada nos anos 1970 e abordou o aumento das favelas, o uso de drogas e as disputas de poder entre traficantes e bicheiros no Rio de Janeiro. No lançamento do folhetim, a emissora revelou que cada capítulo custou R$ 500 mil.
Lombardi caprichou na agilidade na história e explorou a beleza de atores que apareciam descamisados em muitas cenas. Ele também inseriu muito humor e drama na saga, usando todos os ingredientes que viraram sua marca registrada desde a estreia como autor titular em Vereda Tropical (1984). Entre os sucessos do novelista, estão Bebê a Bordo (1988), Quatro por Quatro (1994) e Uga Uga (2000).
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