O CASARÃO
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Renata Sorrah viveu Lina em O Casarão (1976); novela da Globo desafiou o conservadorismo
Há exatos 46 anos, chegava ao fim a novela O Casarão (1976), exibida na faixa das oito da Globo. A história escrita por Lauro César Muniz teve problemas com a Censura Federal por causa de Lina (Renata Sorrah), uma mulher à frente de seu tempo. A personagem causou burburinho por trair o marido e fazer uso de anticoncepcionais.
O folhetim é considerado um marco por ter renovado a linguagem das telenovelas, já que mostrava os dramas vividos por cinco gerações de uma família de São Paulo --sempre com o mesmo casarão como cenário, o que evidenciava a ação do tempo na vida dos personagens.
No entanto, essa inovação acabou confundindo o público, que teve dificuldade para compreender a história. A trama mostrava atores diferentes interpretando os mesmos personagens em tempos distintos --só que tudo era apresentado simultaneamente.
No dia da estreia do folhetim, telespectadores ligaram para Globo e fizeram reclamações sobre o enredo confuso. Por isso, a emissora optou por reapresentar o primeiro capítulo no mesmo dia, às 23h.
A trama de Lauro César Muniz tinha ainda um viés considerado feminista, já que mostrava o papel das mulheres na sociedade em três épocas distintas. Lina virou um grande exemplo dessa "afronta" ao conservadorismo na história.
Ela tinha um casamento que parecia perfeito com Estevão (Armando Bógus). Mas, com o passar do tempo, percebeu que o marido ambicioso se preocupava mais com a ascensão profissional do que com o relacionamento.
A vontade de romper o casamento se intensificou ainda mais depois que Lina se apaixonou por Jarbas (Paulo José) durante uma viagem. Ela enfrentou a pressão da família e decidiu viver com o homem que amava.
A história envolvendo o triângulo amoroso entrou na mira da Censura Federal, que não aprovou a abordagem do adultério feminino. Renata chegou a ser proibida de contracenar com Paulo José (1937-2021). Os censores recomendaram que Lina pedisse o divórcio em vez de trair Estevão.
Em depoimento ao site Memória Globo, a atriz afirmou que a personagem também foi impedida de usar anticoncepcionais e ressaltou a importância de a novela discutir tais assuntos para disseminar de informações e quebrar preconceitos já naquela época.
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