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O SALVADOR DA PÁTRIA

Novela da Globo sofreu alteração drástica após ser acusada de favorecer Lula

DIVULGAÇÃO/TV GLOBO

Lima Duarte com a mão no queixo e expressão séria; ele está caracterizado como Sassá Mutema da novela O Salvador da Pátria

Lima Duarte viveu Sassá Mutema em O Salvador da Pátria (1989); personagem foi comparado a Lula

DÉBORA LIMA

debora@noticiasdatv.com

Publicado em 9/1/2023 - 6h25

Há exatos 34 anos, a novela O Salvador da Pátria (1989) estreava na faixa das oito da Globo. A trama de Lauro César Muniz teve que ser alterada às pressas depois de ser acusada de fazer propaganda política para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na época candidato à presidência. Isso porque a trajetória do protagonista Sassá Mutema (Lima Duarte) apresentava semelhanças com a do político.

Apesar das acusações, o folhetim era baseado no Caso Especial O Crime do Zé Bigorna (1974), também de Muniz. A história ainda virou filme em 1977, e as duas produções foram protagonizadas por Lima Duarte. O autor também se inspirou na conjuntura política da época, quando ocorreu a primeira eleição direta para presidente depois da Ditadura Militar (1964-1985).

De acordo com a primeira sinopse da novela, o analfabeto Sassá Mutema seria eleito presidente com o apoio de pessoas influentes. No entanto, Lauro César Muniz sofreu pressão de grupos partidários e precisou alterar drasticamente o enredo.

Enquanto a direita afirmava que o folhetim fazia propaganda subliminar para favorecer Lula, a esquerda exigia que o autor tratasse o protagonista de maneira mais condigna e menos manipulável.

"Em 1989, já não havia mais a censura formal, mas houve uma interferência direta de Brasília na cúpula da Globo. Era o primeiro ano de eleições diretas, Lula contra [Fernando] Collor, e acharam que o Sassá Mutema fazia apologia à esquerda. Assim, acabou vindo uma pressão na emissora para que a trama fosse mudada", explicou Muniz em um evento no teatro-laboratório da Escola de Comunicações e Artes da USP, em 2002.

O novelista também recebeu críticas de membros do Partido dos Trabalhadores. "Lembro que a [Luiza] Erundina [na época prefeita de São Paulo] reclamava. Achava que estávamos satirizando o Lula, porque o Sassá era ingênuo e chegou a fazer muitas concessões aos poderosos", contou ele.

Cheguei a ouvir, nos bastidores, 'o autor dessa novela vai eleger o presidente do Brasil'. Tive de abandonar o aspecto político da história e focalizar apenas o policial.

Apesar da suposta influência da novela, Lula perdeu as eleições de 1989. Fernando Collor de Mello foi eleito com 53% dos votos válidos.

A história da novela

Ingênuo, Sassá Mutema era um boia-fria que vivia da colheita de laranjas. Ele acabou sendo usado pelo deputado federal Severo Toledo Blanco (Francisco Cuoco) para abafar uma traição do ricaço com Marlene (Tássia Camargo). O analfabeto, então, se casou com a jovem.

Mas o adultério do todo-poderoso passou a ser investigado pelo radialista Juca Pirama (Luis Gustavo). Uma reviravolta aconteceu quando o jornalista e Marlene foram assassinados. Sassá foi acusado pelo crime e preso injustamente.

O protagonista conseguiu provar sua inocência e ganhou popularidade depois da repercussão do caso. Políticos locais perceberam o poder de influência de Sassá e decidiram transformá-lo em prefeito de Tangará para defender seus interesses. Dessa forma, o antigo boia-fria acabou vencendo as eleições. Mas rompeu com os aliados e conquistou uma posição política independente.

Ao ser comercializada no exterior, O Salvador da Pátria mudou de nome e foi chamada de Sassá Mutema. O folhetim ocupou a faixa do Vale a Pena Ver de Novo entre abril e agosto de 1998. Em 2021, a novela também foi reprisada no canal Viva e está disponível na íntegra no catálogo do Globoplay.


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