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OBJETOS SAGRADOS

Nos Tempos do Imperador: Cândida expõe racismo real da polícia contra terreiros

FOTOS: REPRODUÇÃO/TV GLOBO

A atriz Dani Ornellas com expressão de espanto e caracterizada como Cândida em cena de Nos Tempos do Imperador

Cândida (Dani Ornellas) em Nos Tempos do Imperador; mãe de santo teve objetos sagrados detidos

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 2/2/2022 - 12h44

Cândida (Dani Ornellas) colocou o dedo na ferida ao exigir que Borges (Danilo Dal Farra) devolvesse as peças afanadas do terreiro dela em Nos Tempos do Imperador. A mãe de santo trouxe à tona um erro real das autoridades policiais do Rio de Janeiro, que perseguiram religiões de matriz africana e apreenderam seus objetos de culto sistematicamente ao longo dos séculos 19 e 20. Muitos deles só seriam devolvidos pela instituição em 2020.

O folhetim de Alessandro Marson e Thereza Falcão mais uma vez misturou ficção e realidade nas cenas que foram exibidas na terça (1º). A sacerdotisa foi até delegacia para reaver os pertences que foram sumariamente confiscados pelo cúmplice de Tonico (Alexandre Nero).

Borges invadiu a Pequena África após a fuga de Guebo (Maicon Rodrigues) e ainda atirou em dom Olu (Rogério Brito). O barbeiro ficou entre a vida e a morte ao tentar impedi-lo de destruir o templo da família e apoderar-se de diversos itens religiosos.

"Eu só vim buscar meus objetos sagrados", exigiu Cândida "Aquelas porcarias? Está tudo lá no prédio da chefia da polícia. São provas de que você é uma feiticeira", respondeu o personagem de Danilo Dal Farra.

O delegado fez menção às peças retiradas de terreiros de umbanda e candomblé que permaneceram durante mais de cem anos em um depósito no antigo prédio do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), no centro do Rio. O imóvel hoje abriga uma das sedes da Polícia Civil.

O ator Danilo Dal Farra caracterizado como Borges em cena de Nos Tempos do Imperador

Borges (Danilo Dal Farra) na novela das seis

Apesar da pressão de lideranças religiosas, a instituição só se desfez de parte do acervo em um acordo com o Ministério Público Federal há dois anos. Cerca de 500 objetos, tomados entre 1889 e 1945, foram entregues para o Museu da República em setembro de 2020.

Outros 200 itens, entre eles imagens de entidades, instrumentos musicais e vestimentas, foram entregues um mês antes ao movimento Liberte o Nosso Sagrado. Ao todo, foram quatro anos de negociação até a liberação do acervo.


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