Melancólico na pandemia, Paulo Betti desabafa: 'Respirando por aparelhos'

Aos 68 anos, Paulo Betti viveu um momento totalmente diferente em sua vida ao longo do último ano. Por causa da pandemia de Covid-19, ele tem ficado mais tempo em casa e sentido certa melancolia. O ator desabafou sobre a percepção de que agora tem menos tempo, no presente e no futuro. "Estamos com medo de morrer, com medo de que o outro possa te infectar. Isso te deixa muito à flor da pele. Me sinto respirando por aparelhos", declarou.

Nesta sexta (19), Paulo participou de evento online para divulgar a reestreia de A Vida da Gente (2011), novela que será reprisada na faixa das 18h a partir do próximo dia 1º. Ele contou que, pela primeira vez, terá oportunidade de sentar em frente à TV e assistir todos os dias a uma novela que fez.

"Tô muito impactado por esse momento, tanto que ver essa novela é um programa pra mim. Nunca tive muito tempo pra ver novela e agora estou com tempo. Vou ver os colegas e ver como eu envelheci. Isso foi marcante pra mim na novela, há dez anos eu estava no meio da jornada da minha vida, e agora parece muito tempo [atrás]. Já me vejo no outono, quase entrando no inverno. E é bacana, muito apropriado e feliz que se fale do tempo, quando o tempo nos parece mais escasso. Não dá tempo de fazer nada", comentou o ator.

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Em A Vida da Gente, Betti interpreta Jonas, pai rígido do protagonista Rodrigo (Rafael Cardoso). Ele começa a novela casado com Eva (Ana Beatriz Nogueira), mas a trai com a jovem Cris (Regiane Alves), sua personal trainer, e termina o casamento para ficar com ela.

O ator confessa que teve medo que o público o confundisse com o personagem. "Não foi fácil pra mim. Havia um desafio muito grande. Me lembro de ficar deslumbrado vendo as reações das pessoas, [Jonas] não fazia um tipo caricato, cômico, não era um homem muito próximo de mim, e eu queria que as pessoas vissem que não era eu", explica.

"Tinha uma aproximação em relação a eu ter me casado com uma mulher mais nova. Me incomodava isso. Eu não acredito que a gente não leva personagens pra casa, a gente leva o tempo todo. A gente é transformado pelo trabalho, o público vê você ali, vê seu corpo. Não somos tão vacinados assim em relação àquilo que o personagem está passando. Tinha muito de vilanesco ali, e eu queria que o público não me confundisse com ele", complementa.

Segundo o ator, A Vida da Gente ficou marcada por ser uma novela muito forte, que trata de relações familiares com profundidade, nos personagens e nas atuações dele e de seus colegas.

"Parece que tô fazendo a novela de novo, tô com essa sensação. É tão gratificante que a novela passe de novo agora. Tenho recordações muito profundas das gravações, dos bastidores. Me lembro a todo momento das conversas e de como aquilo era de fato a vida da gente, como é feliz essa novela", elogia.

Com a "edição especial" do folhetim de Lícia Manzo, a Globo adiou a estreia da inédita Nos Tempos do Imperador para o segundo semestre deste ano. Além dos spoilers, o Notícias da TV publica diariamente o resumo da novela das seis que a emissora reprisa devido à pandemia da Covid-19.