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MULHERES INFELIZES

Manoel Carlos revela por que suas protagonistas se chamavam sempre Helena

REPRODUÇÃO/GLOBOPLAY

O autor Manoel Carlos em depoimento exibido no programa Tributo a Manoel Carlos, do Globoplay, sério, com mão no queixo

O autor Manoel Carlos em depoimento exibido no programa Tributo a Manoel Carlos, do Globoplay

REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 18/3/2024 - 14h33
Atualizado em 3/5/2024 - 20h39

As Helenas das novelas de Manoel Carlos marcaram a história da teledramaturgia brasileira e o imaginário dos telespectadores. O fato de todas compartilharem o mesmo nome não tem a ver com qualquer experiência pessoal do autor, mas com a percepção e a mitologia que ele guarda sobre isso. Maneco, como ficou conhecido entre os colegas, revelou por que escolheu esse nome específico para suas protagonistas.

Essa questão é explorada no programa Tributo a Manoel Carlos, que está disponível no Globoplay e vai ao ar na Globo nesta sexta (3), após o Globo Repórter.

Na atração, atores, diretores e o próprio autor comentam suas experiências com as novelas e os personagens dele que fizeram sucesso na Globo, em tramas como Por Amor (1997), Laços de Família (2000) e Mulheres Apaixonadas (2002).

Manoel Carlos completou 91 anos no último dia 14 e, com a saúde debilitada, não participou das gravações da atração. No entanto, foram exibidos depoimentos antigos em que ele fala sobre suas escolhas e perspectivas sobre seu ofício.

O autor explicou, enfim, por que suas protagonistas são Helenas. "As pessoas realmente têm muita curiosidade de saber. Dizem 'foi sua mãe, uma irmã, uma namorada, uma primeira mulher'. Nada disso. Helena é apenas um nome que eu acho mais apropriado a um personagem do que a uma pessoa real", declarou.

"Talvez porque eu sempre gostei de mitologia. A Helena mitológica é fantástica. E aquela história toda da Helena de Tróia ter sido uma mulher raptada, casada com o raptor, divorciada e voltou a viver com o marido depois de separar-se dele... Tudo isso me deu uma coisa, uma magia muito interessante, que me cativou muito", disse ele.

Na mitologia grega, Helena era considerada uma mulher belíssima, cheia de pretendentes. Ela se casou com Menelau, rei de Esparta. Em seguida, foi raptada por Páris, filho do rei de Tróia. Essa atitude ocasionou uma guerra de dez anos, a princípio motivada pelo resgate de Helena, mas também com objetivos financeiros.

Após a estratégia bem utilizada do que ficou conhecido como cavalo de Tróia, Helena foi realocada para Esparta e voltou a viver com Menelau até a morte dele.

Além dessa questão, Manoel Carlos contou que sempre quis incutir em suas Helenas algo de obscuro. Elas sempre escondiam segredos. "[As Helenas das novelas são] Mulheres infelizes no amor e também mulheres que gostam ou não sabem viver de outra maneira, de trapacear. Escondem sempre alguma coisa que elas não conseguem revelar aos filhos, ao marido", disse ele.

O autor ainda afirmou que sempre gostou mais de escrever personagens femininas, com suas nuances e seus desabafos. "Sempre achei e continuo achando que a mulher move o mundo. Na mulher está tudo. É mais fácil pra mim escrever sobre mulheres porque as mulheres falam as coisas. O homem não confessa que é traído. Uma mulher reúne as amigas dela, diz que o marido tem uma amante, e choram todas juntas. Então acho que as mulheres têm mais assunto", afirmou.


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