Idosas imploram para dublador de Star Wars salvar Alberto em Bom Sucesso

Os mais jovens costumam abordar Jorge Lucas nas ruas ao perceber que o ator emprestou sua voz para Luke Skywalker (Mark Hamil) em Star Wars: Os Últimos Jedis (2017). As idosas, por sua vez, o reconhecem como o médico Mauri de Bom Sucesso. Elas, aliás, aproximam-se quase sempre com a mesma súplica. "Amo as senhoras que me pedem para não deixar Alberto [Antonio Fagundes] morrer", conta ele ao Notícias da TV.

A despedida do editor de livros é um dos momentos mais esperados desta última semana da novela das sete. Depois de descobrir que estava com os dias contados no início da história, o pai de Marcos (Romulo Estrela) sobreviveu aos seis meses de exibição e deve partir no penúltimo capítulo.

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Apesar de todos os pedidos que recebe do público, o dublador não torce por um final feliz para o personagem de Antonio Fagundes. "Para manter a verossimilhança, até porque estamos falando de uma doença terminal, gostaria de que ele morresse. Isso não me trairia como espectador", opina.

Em sua opinião, um desfecho diferente iria contra a proposta da novela, a de discutir a morte sem tabus. "Todo mundo vai morrer, então, a gente mostrou como é o processo até lá. O objetivo era falar sobre a vida. O Mauri trouxe o tempo inteiro essa ideia de que a vida é para ser vivida, de uma forma muito iluminada, sem pesar", avalia o carioca de 52 anos.

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Mauri (Jorge Lucas) examina Alberto (Antonio Fagundes) em cena do folhetim das sete 

Coincidências à parte

Jorge ainda recebeu uma missão especial da autora Rosane Svartman, que escreve a trama ao lado do parceiro Paulo Halm. O seu personagem é uma homenagem ao pai da escritora, o cirurgião Mauri Svartman. "Uma grande responsabilidade, porque ele dá nome ao papel e ainda é amigo da minha família", explica o intérprete, que buscou inspiração para a produção dentro de casa.

O ator leva para as cenas parte da convivência com a irmã Gloria Maria, especialista em cirurgia bariátrica. "Eu vi toda a luta dela para entrar na faculdade, os oito anos de curso, a residência, os congressos. Ela cuidou do nosso pai antes dele desencarnar, agora toma conta da nossa mãe. Eu trouxe muito disso", confidencia.

Ele ainda trocou experiências com a médica Ana Claudia Quintana Arantes, autoridade em cuidados paliativos e autora do livro A Morte é Um Dia que Vale a Pena Viver, que prestou consultoria ao folhetim. "Com 20 anos cuidando de pessoas que vão morrer, ela me ensinou muito", pontua.

O dublador lembra que, durante os primeiros encontros do elenco, a clínica levou os atores e a equipe às lágrimas com uma palestra. "Primeiro, ela pediu para quem já tivesse perdido alguém muito importante levantar o braço, e uma atriz do meu lado, que não vou dizer o nome em respeito, começou a chorar. Aí, perguntou quem não gostaria de cinco minutos ao lado dessa pessoa. Todo mundo veio abaixo", relembra.

Entre tantos acasos, Jorge ainda brinca ao lembrar que é xará do criador da saga Star Wars, para a qual empresta a sua voz. "A coincidência mesmo que eu queria ter com o George Lucas era ter 5% do que ele tem na conta bancária. Aí, sim, eu iria amar", dispara o artista.

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