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MULHERES DE AREIA

Governo da Rússia usou novela da Globo como estratégia em dia de eleição

DIVULGAÇÃO/TV GLOBO

Na praia, Marcos (Guilherme Fontes) está de mãos dadas com Ruth (Gloria Pires) e encosta a testa na dela em cena da novela Mulheres de Areia (1993)

Marcos (Guilherme Fontes) e Ruth (Gloria Pires) em cena da novela Mulheres de Areia (1993)

DÉBORA LIMA

debora@noticiasdatv.com

Publicado em 1/2/2023 - 6h20

Há exatos 30 anos, o remake de Mulheres de Areia (1993) estreava na faixa das seis da Globo. A novela de Ivani Ribeiro (1922-1995) foi vendida para vários países, e a Rússia aproveitou o sucesso da história das gêmeas Ruth e Raquel (ambas interpretadas por Gloria Pires) para manter a população no país no feriado e incentivar o voto nas eleições.

Como a TV da Rússia é estatal, o governo também é responsável por controlar a programação. Por isso, em 1996, Bóris Ieltsin (1931-2007) usou a popularidade do folhetim brasileiro e determinou a exibição dos três capítulos finais para o domingo de votação.

A intenção era evitar que os russos viajassem para o campo, aumentando a frequência das zonas eleitorais das cidades. Naquele ano, Ieltsin derrotou Guennadi Ziuganov no segundo turno e foi reeleito com 57,2%.

Uma reportagem da Folha de S.Paulo da época relatou ainda que um televisor explodiu em uma seção eleitoral de Tambov bem na hora em que os funcionários acompanhavam o último capítulo de Mulheres de Areia. Não houve feridos, mas os fiscais ficaram irritados porque não conseguiram ver o desfecho da novela.

Na Rússia, a história de Ruth e Raquel ganhou o título de Sekret Tropikanki, algo como "o segredo de uma mulher tropical". O folhetim também ficou conhecido como Tropikanka 2, já que a novela exibida anteriormente tinha sido Tropicaliente (1994), batizada de Tropikanka no país.

Mulheres de Areia também foi exibida em países como Grécia, Indonésia, Bélgica, Benin, Camarões, Canadá, Chile, Chipre, Coreia, Costa do Marfim, Cuba, Estados Unidos, Espanha, Gabão, Grécia, Hungria, Indonésia, Israel, Líbano, Marrocos, Martinica, Peru, Polônia, Portugal, Rússia, Suíça, Turquia e Venezuela.

Para escrever o remake, Ivani Ribeiro usou como base a primeira versão da trama, transmitida em 1973 na TV Tupi, e também O Espantalho (1977), que assinou na Record.

O folhetim era ambientado na fictícia Pontal D'Areia e ficava centrado na rivalidade entre as gêmeas Raquel e Ruth. A mocinha bondosa retornou para a casa dos pais na cidade litorânea depois de um período dando aulas na escola primária de uma fazenda.

Apesar de idênticas fisicamente, as irmãs eram completamente diferentes em relação à personalidade. Enquanto Ruth era doce e tinha bom coração, Raquel demonstrava ser invejosa e perversa. A vilã fez de tudo para conquistar o namorado da mocinha, o empresário Marcos Assunção (Guilherme Fontes), e se aproveitava da semelhança com a irmã para enganá-lo.

Em determinado momento, Raquel conseguiu roubar o pretendente da gêmea e se casou com Marcos de olho apenas na fortuna dele. Mas uma reviravolta aconteceu na história quando a megera sofreu um acidente no mar e foi dada como morta. Ruth, então, decidiu assumir a identidade da irmã para ficar ao lado do amado.

Gloria Pires afirmou em entrevistas que, na verdade, interpretava quatro personagens: Ruth, Raquel, Raquel imitando Ruth e Ruth se passando por Raquel. A atriz conseguiu estabelecer diferenças em cada um desses momentos, o que evitava que o público se confundisse.


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