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PIEGAS E PERIGOSO

Galã de Laços de Família, Tony Ramos rebola para fugir de maldição dos mocinhos

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

O ator Tony Ramos aponta o dedo para a direita em uma livraria caracterizado como o Miguel em cena de Laços de Família

Tony Ramos interpreta Miguel em Laços de Família; ator revela armadilhas no papel de bom moço

DANIEL FARAD, no Rio de Janeiro

Publicado em 13/9/2020 - 7h10

Com uma infinidade de bons moços na carreira, o sensível Miguel da reprise de Laços de Família incluso, Tony Ramos não tem outra alternativa senão rir na cara de quem acha fácil interpretar mocinhos. "Moleza? Só é mole até a página dois, cara pálida, porque pode ficar piegas, perigoso ou não convencer", avalia o artista de 72 anos.

O ator sempre rebolou para tornar os seus príncipes encantados atrativos aos olhos do público, sem enjoar com o excesso de doçura. Nas mãos de Manoel Carlos, aliás, ele se tornou o genro que toda mãe pediu a Deus até nos papéis mais improváveis, como o mecânico surdo-mudo Abel, em Sol de Verão (1982).

O livreiro do folhetim em reprise no Vale a Pena Ver de Novo, contudo, foi o que mais lhe deu dor de cabeça. Marcado pela morte da primeira mulher em um acidente que também deixou graves sequelas em seu filho Paulo (Flávio Silvino), ele foi capaz até de abrir mão do seu amor por Helena (Vera Fischer) em nome de um bem maior.

"Ela se apaixona por aquela mulher esplendorosa, mas sabe que não é amado, porque a sua única paixão é o Edu [Reynaldo Gianecchini]. Mesmo quando os dois têm a chance de ficarem juntos, ele renuncia a esse amor em um ato de nobreza", relembra Ramos ao Notícias da TV.

Na produção, Miguel não pensa duas vezes antes de deixar o caminho livre para que a personagem de Vera Fischer retome o romance com Pedro (José Mayer) em busca da única salvação para a filha Camila (Carolina Dieckmann). A jovem sofre com uma leucemia e só supera a doença depois que a mãe engravida de seu pai em busca de um doador compatível de medula.

"Em nenhum momento ele passava a sensação de rancor ou ódio para o público, veja o quanto isso foi difícil. Era um homem que se comunicava com as pessoas por meio de seu silêncio", avalia.

Tony relembra que não tinha sequer texto para pronunciar em uma das cenas mais marcantes de seu personagem. "Era um monólogo da filha acariciando a cabeça do pai, em que a Júlia Feldens decorou quase duas páginas, mas eu apenas me emocionava sem dizer uma só palavra", pontua.

Apesar do retrospecto positivo, em breve o intérprete dará as caras no horário nobre como o grande vilão de Olho por Olho, próxima novela de João Emanuel Carneiro. "Sei mais ou menos o que é, mas com a pandemia tem uma série de coisas que serão readaptadas ou reescritas. Assim que chegar o texto, vejo como vai ser", brinca o veterano, sem perder o bom humor.


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